28 livros sobre questões étnico-raciais indicados por professores da comunidade do Porvir

28 livros sobre questões étnico-raciais indicados por professores da comunidade do Porvir
Publicado em 19/11/2024 às 22:11

O grupo de educação antirracista do Porvir no WhatsApp reúne mais de 900 professores interessados em conversar, divulgar informações e compartilhar práticas voltadas para a educação antirracista.

Na última semana, perguntamos quais eram seus livros preferidos, a fim de inaugurar a seção “Direto da Comunidade Porvir”. A partir de agora, toda vez que você encontrar esse selo aqui no portal, vai conferir indicações e debates que contam com a participação dos educadores do grupo.

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Confira a lista indicada por Amanda Barbosa Bispo, Cristiane Aguiar, Eliane Bravo, Eliane Maria Cunha dos Santos, Francielly Moyses, Janete Borges, Jorge Cruz,  Nailza Sapucaia de Oliveira Neves, Nelza Jaqueline Franco e Paulo Rocino.

Um defeito de cor
Ana Maria Gonçalves | Editora Record

O livro narra a saga de Kehinde, uma mulher negra sequestrada aos oito anos no Reino do Daomé, atual Benin, e trazida para ser escravizada na Ilha de Itaparica, na Bahia. Após se alforriar na idade adulta e regressar ao seu país de origem, Kehinde, já idosa e cega, decide retornar ao Brasil para buscar um filho perdido, enfrentando memórias da escravidão e refletindo sobre a formação da sociedade brasileira.

Insubmissas lágrimas de mulheres
Conceição Evaristo | Editora Malê

Conceição Evaristo cunhou o termo “escrevivência” para descrever uma escrita que emerge do cotidiano, e essa é uma marca central de “Insubmissas Lágrimas de Mulheres”, lançado em 2011. A coletânea de contos constrói um retrato de solidariedade e afeição feminina, explorando o que é essencial, o que move e o que une mulheres, especialmente mulheres negras, em suas lutas e resistências.

Torto Arado
Itamar Vieira Junior | Editora Todavia

Ultrapassando os 900 mil exemplares vendidos, o romance de 2019, vencedor de prêmios como Jabuti e Oceanos, já foi lançado em mais de 20 países. Ambientado no sertão baiano, a história acompanha as irmãs Bibiana e Belonísia, cujas vidas se entrelaçam após encontrarem uma velha faca na mala da avó, resultando em um acidente que muda seus destinos. 

Leitura obrigatória em vestibulares pelo país, o livro também traz à tona resquícios do passado colonial e escravista do Brasil.

Querido estudante negro
Barbara Carine | Editora Planeta

Baseado em experiências pessoais da autora, o livro apresenta uma troca de cartas entre a protagonista e um amigo, o “querido estudante negro”, ambos impactados pelo racismo estrutural no Brasil. A narrativa acompanha a trajetória educacional da protagonista, desde a infância até a idade adulta, explorando experiências que moldaram sua identidade, dentro e fora da sala de aula. A obra busca criar um espaço de identificação para estudantes negros brasileiros, refletindo histórias que podem ser compartilhadas por muitos, como destacou ao Portal Lunetas.

Solitária
Eliana Alves Cruz | Companhia das Letras

O livro narra a história de Mabel e Eunice, mãe e filha negras que vivem em um condomínio de luxo. Eunice, empregada doméstica, é testemunha-chave de um crime impactante ocorrido na casa dos patrões. Mabel, por sua vez, conduz os acontecimentos que não apenas esclarecem o mistério, mas também provocam transformações profundas na vida das pessoas ao redor das protagonistas. De acordo com o portal Quatro Cinco Um, o romance traça a saga contemporânea das trabalhadoras domésticas no Brasil.

O crime no cais do Valongo
Eliana Alves Cruz | Editora Malê

Um corpo amanhece em um beco, envolto em uma manta e com pequenas partes cortadas. O crime do cais do Valongo é um romance histórico-policial que começa em Moçambique e vem parar no Rio de Janeiro, mais exatamente no Cais do Valongo. De acordo com o escritor Luiz Antonio Simas, o livro é “literatura da melhor qualidade”.

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Água de barrela
Eliana Alves Cruz | Editora Malê

O romance traz as memórias de muitas mulheres da família da escritora e jornalista Eliana Alves Cruz que trabalharam para patroas brancas. O título remete à prática ancestral de lavar roupas com uma mistura de água e cinzas. De acordo com a crítica publicada na Revista Amarello, um dos aspectos mais notáveis do livro é a forma como retrata a espiritualidade negra. “A religiosidade não é apresentada apenas como um consolo diante do sofrimento, mas como uma força ativa de resistência e afirmação identitária.”

Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano
Grada Kilomba | Editora Cobogó

O livro da escritora portuguesa Grada Kilomba reúne episódios cotidianos de racismo em pequenas histórias psicanalíticas. Abordando desde políticas de espaço e exclusão até questões do corpo, cabelo e insultos raciais, a autora desconstrói a aparente normalidade do racismo.

Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade
bell hooks | Editora Martins Fontes

Neste livro, bell hooks escreve sobre um novo tipo de educação, a educação como prática da liberdade. Para a autora, ensinar os alunos a “transgredir” as fronteiras raciais, sexuais e de classe a fim de alcançar o dom da liberdade é o objetivo mais importante do professor.

Como ser um educador antirracista
Barbara Carine | Editora Planeta

A autora discute como a educação e a escola podem ser pensadas a partir de perspectivas não ocidentalizadas e, sobretudo, racializadas. “O caminho para os professores lutarem contra o racismo é se formarem a partir de referenciais teóricos antirracistas, pensarem em perspectivas curriculares e, a partir delas, pautarem as múltiplas existências no espaço escolar como existências potentes, legítimas e centrais”, contou a escritora em entrevista ao Porvir.

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A terra dá, a terra quer
Antônio Bispo | Ubu editora

Antônio Bispo dos Santos, conhecido como Nêgo Bispo (1959-2023), foi filósofo, poeta, escritor, professor, líder quilombola e ativista político. Reconhecido como um dos maiores intelectuais brasileiros, refletiu sobre questões contemporâneas a partir das vivências e saberes quilombolas.

Esta obra registra muitos dos saberes transmitidos pela oralidade por esse “lavrador de palavras” acerca do agronegócio, das cidades, das favelas, dos condomínios fechados e da arquitetura.

Descolonizando afetos: experimentações sobre outros modos de amar
Geni Núnez | Editora Paidós

A partir da poética do povo guarani, a ativista indígena, psicóloga e escritora Geni Núñez promove um exercício de repensar a exclusividade nos relacionamentos afetivos. Com uma abordagem anticolonial, ela explora o tema tanto sob perspectivas históricas e macropolíticas quanto nas nuances do cotidiano e das relações interpessoais.

Terra: antologia afro-indígena
Vários autores | Ubu editora

O livro reúne 25 ensaios, publicados ao longo de 13 anos da revista PISEAGRAMA e inéditos, que exploram as diversas relações da terra com a cidade, política, clima e corpo. As reflexões partem de perspectivas como quilombos, territórios indígenas, periferias urbanas, assentamentos, reservas extrativistas.

O pacto da branquitude
Cida Bento | Companhia das Letras

Diante de dezenas de recusas em processos seletivos, Cida Bento identificou um padrão: por mais qualificada que fosse, ela nunca era a escolhida para as vagas. A obra denuncia e questiona a universalidade da branquitude e suas consequências nocivas para qualquer alteração substantiva na hierarquia das relações sociais

“A branquitude se expressa em uma repetição ao longo da história, de lugares de privilégio assegurados para as pessoas brancas, mantidos e transmitidos para as novas gerações” explica Cida ao portal do Ceert, do qual é conselheira e fundadora.

Racismo linguístico
Gabriel Nascimento | Editora Letramento

Com sua análise original da relação entre língua e racismo, Gabriel Nascimento aborda um tema quase totalmente ausente da linguística brasileira, se posicionando de forma lúcida e engajada nos debates de intelectuais negros, muitas vezes esquecidos, e mostrando suas contribuições para uma visão mais inclusiva da linguagem dentro da sociedade brasileira.

A queda do céu
Davi Kopenawa e Bruce Albert | Companhia das Letras

Publicado originalmente em francês em 2010, na coleção Terre Humaine, a obra Céu reúne as reflexões do xamã Davi Kopenawa sobre o impacto devastador do contato com o homem branco, uma ameaça persistente ao seu povo desde os anos 1960. O livro foi escrito a partir das narrativas de Kopenawa, registradas por Bruce Albert, etnólogo com quem compartilhou mais de 30 anos de amizade.

A Lanceirinha
Angela Xavier, com ilustrações de Allisson Affonso | Editora Libretos

Esta história resgata o orgulho de um povo na voz de um avô e nos emociona com o brilho nos olhos da netinha Aisha. Comprova, com afetos cotidianos, que podemos e devemos acreditar na luta por um futuro mais justo e inclusivo. Uma homenagem aos Lanceiros Negros, grupo de negros que participaram da Guerra Civil Farroupilha com a condição de lutarem como soldados.

Uma aventura do Velho Baobá
Inaldete Pinheiro de Andrade, com ilustrações de Ianah Maia | Editora Pequena Zahar

Quando um velho baobá das savanas africanas decide atravessar o Atlântico em busca de seus parentes no Brasil, inicia-se uma jornada repleta de encontros e emoções. A narrativa convida o leitor a refletir sobre ancestralidade, raízes culturais e a diáspora africana no país.

Ei, você! Um livro sobre crescer com orgulho de ser negro
Dapo Adeola | Companhia das Letrinhas

A partir de uma prosa delicada e de ilustrações feitas por dezenove artistas diferentes, este livro celebra a vida e o crescimento das crianças negras de todo o mundo, apontando caminhos de esperança para o futuro. Na versão brasileira, Elza Soares e Milton Santos estão entre os homenageados. 

Letras de carvão
Irene Vasco | Editora Pulo do Gato

Neste livro, uma mãe conta ao filho como aprendeu a ler e a escrever em uma cidade na qual poucos eram alfabetizados. Não demora muito para que um mundo novo de possibilidades se abra para ela e para todos os habitantes de seu povoado.

Pertencimento
Daniel Munduruku | Criadeira Livros

Narrado em primeira pessoa, o mais recente livro de Daniel Munduruku representa as muitas vozes infantis dos povos indígenas, e levanta sentimentos frutos da relação profunda dos povos originários com a terra, os rios, as plantas, os animais, e com os adultos.

Conto dos Orixás: o rei do fogo
Hugo Canuto | Editora Trem Fantasma

A série “Contos dos Orixás” adapta a mitologia e as tradições orais afro-brasileiras, buscando levar para os leitores jovens e adultos as narrativas de matrizes africanas acerca das divindades e heróis ancestrais.


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