Investir na formação da equipe escolar melhora resultados de redes municipais

Investir na formação da equipe escolar melhora resultados de redes municipais
Publicado em 02/10/2024 às 5:43

A formação docente continuada e de qualidade é um pilar indispensável para melhorar a educação. Da mesma forma, ela é fundamental para fazer qualquer inovação chegar de fato às salas de aula. Em algumas redes municipais do Brasil, os professores contam com opções diversificadas de formação e até incentivos financeiros para se atualizarem, criando assim um ciclo positivo que traz mais aprendizagens para os estudantes. 

É o caso de Barretos (SP) e Campos dos Goytacazes (RJ), cidades vencedoras do Prêmio “Gestão Inovadora na Educação”. Iniciativa da Mind Lab, metodologia de ensino que adota jogos de raciocínio para desenvolver habilidades cognitivas e socioemocionais em crianças e jovens, a ação tem apoio técnico do Porvir. O prêmio reconhece e valoriza gestões municipais que se destacam pela inovação e efetividade na área da educação.

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Em Barretos, as formações são para todos que trabalham na educação, incluindo as merendeiras e motoristas do transporte escolar. “Numa escola, todos educam. Nos últimos anos, houve um investimento massivo na formação dos profissionais da escola. Você pode ter um projeto maravilhoso, mas sem uma equipe alinhada e bem preparada, não vai adiantar”, afirma a secretária de Educação da cidade, Jéssica Maria dos Santos. 

O Ceforpe (Centro de Formação de Profissionais da Educação) também fica responsável pelas avaliações diagnósticas e pelos recursos didáticos, fazendo com que os eixos se alinhem a serviço da aprendizagem dos estudantes. Para que tudo dê resultados, o formador precisa estar bem capacitado. “Nós temos uma parceria com a USP (Universidade de São Paulo) para a formação de formadores da educação infantil e também temos permitido que esses profissionais participem sempre de congressos, numa busca constante de qualificar cada vez mais os nossos formadores”, explica Ana Carolina Spíndola, supervisora geral do Ceforpe. 

O centro de formação existe desde 2005, mas foi ganhando novas funções e relevância na rede municipal ao longo do tempo, sobretudo no contexto pós-pandemia. “Depois da pandemia, a gente tinha o desafio de retomar o modelo presencial e estava sem material didático. Vimos nessa crise uma oportunidade e o Ceforpe que fez todo o material, com base no diagnóstico que a gente tinha da rede”, relata Jéssica. 

A dinâmica atual do centro de Barretos é bastante especializada, com coordenadores focados em cada ano do ensino fundamental 1, e coordenadores por área para o fundamental 2. Também há profissionais trabalhando especificamente com o ensino em tempo integral e com inclusão. “Quando você vai no clínico geral mas está com um problema de visão, ele te encaminha para o oftalmo. Ter essa especificidade na rede faz uma diferença positiva”, defende Carolina. 

Além das formações rotineiras, que são incluídas na agenda de atividades semanais nas horas de trabalho pagas, os professores têm à disposição programas de formação extra. Para estas, eles recebem bolsa de estudos. Atualmente, há quatro cursos, para os vários públicos: Pró-CEMEI, Pró-Alfabetização, Pró-Ideb e Pró-Gestores. A participação é por adesão, que tem sido alta.

“Começamos com o Pró-Ideb, para professores dos 4º, 5º, 8º e 9º anos. A pedido dos professores de alfabetização, expandimos e montamos um curso para quem trabalha na educação infantil. Neste ano, eles estão trabalhando as habilidades preditoras da alfabetização e neurociência, além da ludicidade, do brincar”, conta Carolina. O mais recente foi o curso para os gestores, iniciado este ano. 

Mais do que o incentivo financeiro das bolsas, Carolina e Jéssica acreditam que os professores se sentem valorizados ao terem condições de se aprimorar e influenciar ainda mais a vida dos estudantes. 

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Valorização e reconhecimento

Quando a rede investe na formação dos professores, o resultado influencia em todo o processo pedagógico, sem contar a valorização e o reconhecimento da profissão docente. Na rede municipal de Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro, é assim que se sente a professora Alessandra de Lima Tavares Cardoso, que trabalha na Creche Escola Municipal João Siqueira dos Santos e tem passado por cursos focados em jogos lúdicos. “As formações têm me proporcionado uma experiência transformadora e altamente enriquecedora. São extremamente positivas”, diz.

Na sua cidade, as formações são feitas na Efem (Escola de Formação de Educadores Municipais). Segundo ela, tudo o que aprende é facilmente aplicado com sua turma da creche. “As sessões práticas me permitem experimentar os jogos em primeira mão. Meus alunos ficam mais interessados e a cada dia observo o entusiasmo deles pelas atividades. As formações aprimoram minha prática pedagógica, transformando a dinâmica na sala de aula, criando um ambiente mais interativo e estimulante”, afirma. 

Anna Karina Vieira de Azevedo y Oviedo, coordenadora de Tecnologias e Mídias Digitais de Campos dos Goytacazes, defende que a prática docente precisa acompanhar as mudanças da atualidade. “Em um mundo em constante transformação, a educação se reinventa e busca ferramentas inovadoras para impulsionar o aprendizado e preparar as novas gerações”, diz. E ela garante que, com o apoio certo, os professores estão conseguindo se transformar. 

A coordenadora cita o projeto “Estação Educação”, que levou os docentes da rede a se tornaram autores de videoaulas, com um acervo que hoje ultrapassa 300 aulas gravadas. Segundo ela, foi feito um investimento estratégico na aquisição de uma infraestrutura moderna, como em programas de capacitação, sempre com foco no estudante. “Essas aulas contribuem significativamente para que os alunos possam acessar o conhecimento em qualquer lugar, instigando a prática da autoformação”, conclui.

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