E-book gratuito reúne curiosidades da literatura para crianças do século 19
A literatura infantojuvenil no Brasil tem suas bases nos consagrados clássicos da literatura universal. No início do século 19, algumas obras já circulavam no país em edições europeias, principalmente importadas da França e de Portugal. Esses títulos chegavam por intermédio de várias editoras, entre elas a Garnier, filial carioca da editora francesa de mesmo nome, e Laemmert, que editou boa parte das obras provenientes de regiões germânicas.
As primeiras histórias foram traduzidas por Carlos Jansen, professor do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro (RJ). Alemão de nascimento, dominava a língua portuguesa e se dedicou a adaptar os livros ao público infantojuvenil brasileiro. As Contos seletos de Mil e Uma Noites (1882), Robinson Crusoé (1885), As Viagens de Gulliver (1888) e As Aventuras Pasmosas do Celebérrimo Barão de Munchausen (1891) estão entre os primeiros títulos que ganharam versão em português.
Publicado pela Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, o e-book “Livros Infantis Velhos & Esquecidos”, organizado por Gabriela Pellegrino Soares e Patrícia Tavares Raffaini, explora a produção literária destinada ao público infantil nos séculos 19 e 20, destacando a diversidade de obras e autores que marcaram a época.
➡️Baixe gratuitamente o e-book “Livros Infantis Velhos & Esquecidos”, disponível no Portal de Livros Abertos da USP (Universidade de São Paulo).
Uma literatura rica e plural
A despeito do cenário de analfabetismo predominante no Brasil do final do século 19, os livros infantis ganharam espaço com antologias de contos de fadas, adaptações de obras adultas e textos originais ilustrados. Segundo as organizadoras, o cenário literário era mais diversificado do que se costuma acreditar, com materiais disponíveis em livrarias, bibliotecas e catálogos de editoras nacionais e estrangeiras. Para leitores distantes dos grandes centros, havia alternativas como encomendas postais, clubes de leitura e empréstimos de livros.
Destaques do e-book
O primeiro capítulo, de Angela de Castro Gomes, aborda a trajetória de Alexina de Magalhães Pinto, educadora e folclorista mineira nascida em 1869, destacando suas contribuições para a valorização dos brinquedos, cantigas e jogos populares brasileiros. Já Kaori Kodama analisa obras que despertaram o interesse pela ciência entre jovens leitores na virada do século 19 para o 20, enquanto Patricia Santos Hansen investiga textos que, no início da República, buscavam formar cidadãos conscientes.
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Andréa Borges Leão discute o impacto das “Viagens Extraordinárias” de Júlio Verne, que ajudaram a segmentar o público leitor e inspiraram autores brasileiros como Olavo Bilac e Monteiro Lobato. A pesquisa destaca a relevância do editor Baptiste-Louis Garnier na disseminação das obras de Verne, que se tornaram marcos literários para gerações.
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Leandro Antonio de Almeida explora a introdução de tramas policiais, como os contos de Sherlock Holmes, que começaram a circular no Brasil em folhetins de jornais e revistas no final do século 19, criando novas referências de modernidade para jovens leitores.
Cilza Bignotto, em “Monteiro Lobato e Seus Precursores”, reflete sobre os elementos que deram forma à obra infantil do autor. Por sua vez, Tânia Gomes de Mendonça, no texto “O Teatro de Bonecos na Escola: Helena Antipoff, Olga Obry, Cecília Meireles e Maria Clara Machado – Trajetórias Conectadas”, destaca as contribuições dessas figuras para a prática teatral destinada às crianças.
*Com informações do Jornal da USP e da Revista Fapesp