Biden deixa decisão de banimento nas mãos de Trump
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O futuro do TikTok nos Estados Unidos está envolto em incertezas, com o presidente Joe Biden optando por não implementar o banimento da plataforma de mídia social antes de sua saída do cargo, transferindo a responsabilidade para o presidente eleito Donald Trump, de acordo com a Associated Press (AP).
A decisão ocorre em meio a discussões sobre segurança nacional, economia digital e influência política da rede social chinesa.
A lei aprovada pelo Congresso em 2020 e assinada por Biden exige que a ByteDance, empresa controladora do TikTok, venda a plataforma até domingo (19), um dia antes da posse presidencial. Apesar disso, a administração Biden optou por não agir diretamente, deixando a implementação da medida a cargo do governo Trump.
Um funcionário da administração de Biden, falando sob condição de anonimato à AP, confirmou que Trump deverá decidir se seguirá com a aplicação da lei, que pode banir o TikTok do mercado estadunidense caso a ByteDance não atenda às exigências de desinvestimento.
Donald Trump, que, anteriormente, buscava proibir o TikTok devido a preocupações com segurança nacional, mudou sua posição ao longo de sua campanha de 2024.
Durante a corrida presidencial, Trump ingressou na plataforma, utilizando-a para alcançar eleitores jovens e promover conteúdos virais. Ele atribuiu parte de sua vitória eleitoral ao uso estratégico do TikTok, prometendo “salvar a plataforma” caso fosse eleito.
Nesta quarta-feira (15), o The Washington Post publicou que o presidente eleito pode decretar uma ordem executiva para impedir o fim da rede social no país.
Debate no Congresso e reações bipartidárias
A questão do TikTok gerou raro alinhamento entre legisladores de ambos os partidos. Enquanto o líder democrata do Senado, Chuck Schumer, defendeu a extensão do prazo para evitar interrupções na vida de milhões de usuários, o senador republicano Tom Cotton se opôs, criticando o TikTok como “ferramenta de espionagem comunista” que compromete a privacidade dos jovens estadunidenses.
Cotton, presidente do Comitê de Inteligência do Senado, afirmou que a ByteDance teve tempo suficiente para encontrar um comprador local e que o atraso representa risco à segurança nacional.
Leia mais:
TikTok: audiências no Supremo e desafios legais
- Na semana passada, a Suprema Corte ouviu argumentos de ação judicial movida pelo TikTok, ByteDance e usuários da plataforma contra a lei que exige o desinvestimento;
- Analistas jurídicos acreditam que a Corte deve confirmar a constitucionalidade da medida, o que fortaleceria o argumento de Trump para pressionar por um acordo ou banimento definitivo;
- O conselheiro de segurança nacional de Trump, Mike Waltz, afirmou que a lei oferece alternativa ao banimento, permitindo extensões desde que um acordo viável esteja em negociação;
- Ele também destacou o compromisso de Trump com a proteção dos dados dos usuários, mesmo reconhecendo os benefícios da plataforma para campanhas políticas.
CEO do TikTok irá à posse de Trump
A posse de Trump, marcada para esta segunda-feira (20), contará com a presença de figuras proeminentes do setor tecnológico, incluindo Elon Musk, dono do X e outras empresas, Mark Zuckerberg, cofundador e CEO da Meta, Sam Altman, cofundador e CEO da OpenAI e Jeff Bezos, fundador da Amazon.
Além deles, na quarta-feira (15), o Times indicou que o CEO do TikTok, Shou Zi Chew, também foi convidado e estará no palco principal da cerimônia. Segundo fontes internas, a escolha de convidar Chew sugere possível abertura do governo para discutir soluções que mantenham o TikTok operacional nos Estados Unidos.
Impactos econômicos e sociais
A decisão de banir ou salvar o TikTok tem implicações profundas. A plataforma, com milhões de usuários no país, se tornou um pilar da economia criativa, especialmente para influenciadores e pequenos negócios. Segundo Schumer, um banimento abrupto prejudicaria significativamente esses grupos.
Entretanto, críticos, como Cotton, alertam para os riscos de manipulação política e espionagem. Ele afirma que a coleta de dados pela ByteDance representa ameaça direta à privacidade e à segurança dos estadunidenses.
Próximos passos e incertezas
Pam Bondi, indicada por Trump para o cargo de procuradora-geral, evitou comentar se apoiaria o banimento do TikTok durante audiência no Senado para confirmá-la no cargo, realizada nesta quarta-feira (15). Enquanto isso, Trump sinalizou que está disposto a negociar, sugerindo possíveis mudanças regulatórias para permitir que o aplicativo continue operando sob condições específicas.
Com o prazo para o desinvestimento se aproximando, a decisão final de Trump pode definir não apenas o futuro do TikTok, mas, também, as bases da regulamentação das redes sociais e da proteção de dados nos Estados Unidos. O debate destaca o equilíbrio delicado entre inovação tecnológica, privacidade e segurança nacional em um cenário global cada vez mais conectado.