Ray-Ban da Meta usa tudo que enxergamos para treinar IA

Ray-Ban da Meta usa tudo que enxergamos para treinar IA
Publicado em 07/10/2024 às 19:42

A Meta anunciou, no ano passado, nova versão de óculos inteligentes criados em parceria com a Ray-Ban. O dispositivo, equipado com Meta IA, ganhou atualizações com o tempo, incluindo análise de imagens em tempo real (basicamente, o que o usuário enxerga através das lentes). Mas nem tudo é positivo nesse recurso e o paradeiro das imagens coletadas finalmente foi revelado.

A big tech confirmou ao TechCrunch que tudo compartilhado com o Meta IA nos óculos Ray-Ban é usado para treinar a própria tecnologia. Ou seja, você pode estar concedendo à empresa acesso a sua casa, parentes e itens pessoais sem nem saber.

Meta implementou recurso que facilita “invocar” IA nos óculos inteligentes (Imagem: Divulgação/Meta)

O Ray-Ban Meta Smart Glasses têm diversas utilidades. Uma delas é a análise de imagens em tempo real, bastando solicitar ao Meta AI que o faça. No entanto, a partir do momento em que o recurso é ativado, o que enxergamos é “enviado” para a IA e coletado pela big tech para treinar a própria tecnologia.

Foi isso que a própria Meta confirmou por e-mail ao TechCrunch. Segundo Emil Vazquez, gerente de comunicações de política da empresa, “imagens e vídeos compartilhados com a Meta AI podem ser usados ​​para melhorá-la de acordo com nossa Política de Privacidade”.

Em declaração anterior ao site, um porta-voz havia esclarecido outro ponto: fotos e vídeos capturados pelo Ray-Ban da Meta não são usados para treinar IA. Isso acontece apenas a partir do momento em que o próprio usuário ativa a tecnologia no dispositivo.

meta IA
Imagens analisadas pelo Meta AI estão sendo usadas para treinar tecnologia (Imagem: Ascannio/Shutterstock)

O que isso significa para os usuários

Se você está dentro de casa usando o Ray-Ban Meta Smart Glasses e ativa a IA do dispositivo, está dando acesso para a empresa coletar imagens do interior de sua residência. Se está olhando para um parente ou para um documento pessoal e ativa algum recurso artificial, o mesmo acontece.

Ou seja, a Meta está criando um estoque de imagens (muitas vezes pessoais) fornecidas pelos próprios usuários. A questão é que muitas vezes eles não estão cientes disso.

A situação ficou ainda mais preocupante quando, recentemente, a big tech facilitou para os proprietários dos óculos ativar a IA do dispositivo – consequentemente, aumentando o arsenal de imagens coletadas para treinamento.

Leia mais:

Se este for o seu caso, você não poderá mais usar a IA dos óculos Ray-Ban da Meta. Entenda:

  • De acordo com os porta-vozes da big tech, a política de privacidade que prevê a coleta de dados para treinamento mediante uso de IA fica clara na interface do usuário;
  • Ainda, a partir do momento que você usa a IA (estando ciente ou não das consequências), concorda com o compartilhamento das imagens, incluindo características faciais;
  • A única maneira de impedir o compartilhamento de dados com a IA da Meta é “optar por não participar”. Ou seja, segundo a big tech, se você não quiser ceder à política, não use os óculos.

Vale lembrar que, por enquanto, o Meta AI para os óculos inteligentes está disponível apenas nos Estados Unidos e Canadá.

A Meta Brasil foi contatada pelo Olhar Digital para esclarecimentos sobre a política de privacidade. A publicação será atualizada mediante retorno.