Pecuária e turismo: a dupla aptidão de uma fazenda pantaneira 

Pecuária e turismo: a dupla aptidão de uma fazenda pantaneira 
Publicado em 09/10/2024 às 16:31

No coração do Pantanal, está a Fazenda Ipiranga, um patrimônio familiar que já atravessa cinco gerações. A propriedade, que dedica sete mil hectares à pecuária de cria, com um rebanho de 2,5 mil animais, também tem outra fonte de renda, o turismo. Turistas do mundo todo buscam o lugar para encontrar o principal felino do pantanal, a onça-pintada. 

O gado se torna um grande aliado na prevenção de incêndios na propriedade. O empresário Eduardo Eubank Campos, ressalta que dessa maneira é possível manter a gramínea baixa evitando com que a biomassa possa causar combustão. 

Foto: Leandro Balbino/ Canal Rural MT

Assim, é possível manter o ecossistema do local. “Sem essa biomassa, é fácil apagar qualquer fogo que entre na propriedade”, afirma. 

Apesar de anos na pecuária, essa não é a principal fonte de renda da fazenda. 

Turismo gera renda e é principal atividade

Há 35 anos, um grupo de turistas estrangeiros buscou abrigo na fazenda. O pai de Eduardo percebeu a oportunidade e assim, nasceu a Pousada Piuval. Nome que homenageia uma das árvores mais marcantes da região pantaneira. 

A piuva é considerada a árvore símbolo do Pantanal. Durante a florada, entre agosto e setembro, a paisagem se transforma em um espetáculo colorido e passageiro que atrai visitantes de todas as partes.

Os turistas chegam em busca de uma experiência única, e a onça-pintada se tornou o grande atrativo. 

“Hoje em dia, o que mais buscam é a onça-pintada. Ela é o principal foco dos estrangeiros na região”, afirma Eduardo.

O casal paulista Tito Ferraz, economista, e Thaísa Costa, publicitária, contam ao MT Sustentável desta semana a emoção de encontrar a rainha do Pantanal. 

“Foi incrível. Estávamos voltando do passeio de fim de tarde, curtindo a última luz do dia. De repente, o carro parou e desligou. Lá estava ela! Todo mundo levantou, foi uma euforia total”, conta Tito. 

Thaísa pontua como foi interessante ver a tranquilidade do animal. “Era como se ela estivesse falando: ‘Está tudo bem, vou deixar vocês me observarem agora’”.

Convivência pacífica e de respeito

Rafael Hoogesteijn é veterinário e pesquisador venezuelano. Ele mora no Brasil desde 2008 e trabalha em uma organização dedicada ao estudo e conservação da onça-pintada. 

O veterinário destaca a importância econômica do felino para o turismo na região.

“Nessa região, a onça é um ativo econômico muito mais forte que a pecuária. Fizemos um estudo em 2017 e a onça estava produzindo 7 milhões de dólares, localmente. O turismo é uma grande fonte de renda e receita, e muitos pecuaristas têm gado, pecuária e turismo,” explica Rafael.

A convivência pacífica entre a pecuária e a conservação é um desafio. O médico veterinário Paul Raad, que atua na Pousada Piuval, desenvolveu um projeto inovador que visa proteger os bezerros de predadores como a onça, sem a necessidade de conflito. 

“Este ano, teremos oficinas com a WWF e AMPARA no Pantanal, em quatro sindicatos rurais da região. A Piuval está sempre disponível como uma fazenda modelo e escola para os produtores aprenderem a coexistir com a onça-pintada e evitar conflitos”, comenta Paul. 

A Fazenda Ipiranga, portanto, é um exemplo de como é possível unir tradição e inovação. Através do turismo os proprietários e visitantes se tornam aliados na proteção desse ecossistema único, onde a onça-pintada reina como um símbolo de beleza e resistência.

*Texto corrigido por Ana Moura.

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