Entenda como a Meta determina qual hardware será fabricado

Entenda como a Meta determina qual hardware será fabricado
Publicado em 12/10/2024 às 1:25

Nos últimos temos, surgiram rumores de novas tecnologias sendo desenvolvidas pela Reality Labs, divisão de hardware da Meta, para além do Orion, óculos de realidade aumentada (RA) da empresa de Mark Zuckerberg. Entre eles, fones de ouvido com câmera e óculos de realidade mista (RM). Até mesmo, vestíveis habilitados para inteligência artificial (IA).

Mas, aí, entra uma curiosidade: como a Meta define qual será o próximo hardware a ser produzido? E como ela escolhe os que não serão fabricados? Para saber a respeito, o The Verge conversou com o CTO da companhia, Andrew “Boz” Bosworth.

“Se há um conceito que você pode imaginar, nós tivemos ou temos alguém construindo algo em torno dele”, disse o executivo. Ele explicou que o processo de desenvolvimento é multifásico quando falamos da maneira como a Reality Labs leva os produtos desde seu princípio, até sua entrega ao consumidor.

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Meta Orion (foto) foi um dos produtos que entrou no limbo, pois a Meta entendeu que ele não seria bem recebido pelo público (Imagem: Divulgação/Meta)
  • Primeiro, existe uma “equipe de pré-descoberta” atuante, que está “criando protótipos das coisas mais malucas”;
  • Juntos, eles colocam uma “prova de experiência”. Após revisão por parte dos executivos, um “pequeno número” dos conceitos criados vão para a fase de “descoberta”;
  • Nesta fase, um produto é designado a “alguns” funcionários que se dedicam apenas a examinar o possível design industrial, bem com outros fatores, como custo;
  • A seguir, o dispositivo em questão entra na prototipagem, onde existem, “talvez, dez vezes mais pessoas envolvidas” para a construção de hardware e software que casem um com o outro;
  • A seguir, o dispositivo entra no roteiro oficial do produto, fase na qual “temos uma equipe completa designada para ele e o plano presuntivo é enviá-lo”;
  • Cerca de metade dos dispositivos que passam pela prototipagem vão à fase final, a de “teste de validação de engenharia”. Ela determina se a gerência ratifica ou não a fabricação em larga escala do produto e seu lançamento. Bosworth afirma que “cerca de metade” dos produtos que passam pela validação final vão para as mãos das pessoas.

O CTO confirmou ainda que o headset da linha Quest topo de linha, de codinome La Jolla, programado para 2027. Mas, como o público não ficou tão animado com o Quest Pro, a Meta optou por arquivar o projeto.

Bosworth não reconheceu, mas é possível que a igual resposta fraca dos consumidores ao Apple Vision Pro também pesou na decisão.

Desde que deixou de se dedicar apenas às redes sociais e entrou no mercado de hardware de consumo, a Meta começou, gradativamente, a aumentar sua produção de produtos de consumo.

Agora, com o sucesso estabelecido da linha Quest e de seus óculos inteligentes produzidos em parceria com a Ray-Ban, a empresa parece estar querendo se mover com agressividade na análise de quais novos produtos com inteligência artificial (IA) ela pode produzir a seguir.

Definitivamente, não queremos ser superados por alguém que criou um vestível inteligente e integrado no qual não tínhamos pensado. Se há uma parte do seu corpo que poderia potencialmente hospedar um vestível que pudesse fazer IA, há uma boa chance de termos uma equipe que o desenvolveu.

Andrew “Boz” Bosworth, CTO da companhia, em entrevista ao The Verge

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Meta Quest é um grande sucesso da empresa e a ajudaou a se consolidar no mercado de vestíveis (Imagem: Divulgação/Meta)

Outro assunto na pauta foi o novo acordo de dez anos firmado entre Meta e EssilorLuxottica, que controla a Ray-Ban. Segundo o executivo, a intenção para os rumos da parceria, daqui em diante, é que a “tecnologia da Meta é apenas um dos componentes que podem estar em quaisquer óculos que eles projetarem. É isso que queremos que aconteça”.

A empresa tem planos ainda mais ambiciosos: apesar de ainda não haver anúncio oficial, a Meta estaria interessada em comprar uma fatia da gigante do mercado de óculos. “Eles querem a margem. Nós queremos o volume. Essa é a tensão, e encontramos uma boa solução para ela, então estamos bem animados com isso”, concluiu Bosworth.