O ex-cafeicultor que encontrou no abacaxi a esperança para vencer a seca
A necessidade imposta pelas condições climáticas transformou o cenário do sítio Nossa Senhora Aparecida, em Tangará da Serra, região centro-sul de Mato Grosso. Da produção de café, antiga fonte de renda da família Beitum, restaram apenas lembranças. Agora, a paisagem tem como destaque a plantação de abacaxis.
A alternativa encontrada para driblar a crise hídrica na região, tornou-se o centro das atenções na propriedade, que é atendida pelo programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Senar-MT.
A propriedade possui 36 hectares e desse total, nove deles são dedicados a essa cultura. Entretanto, o sítio que já tem mais de vinte anos, não começou a sua história com o abacaxi mas sim, com o café.
O produtor rural, Flávio Beitum conta ao Senar Transforma dessa semana que o café era o ganha pão e que naquela época, o cultivo do café era muito trabalhoso e o clima, não ajudava.
“De uns anos pra cá, tivemos muitos períodos sem chuvas. A planta florava mas abortava os frutos. É uma cultura muito cara para produzir e decidirmos para com ela. Não foi uma decisão fácil porque nós fizemos investimentos e o café era semimecanizado. A única coisa que aproveitamos do café, foi o trator para o abacaxi”, explica.
O início da produção do abacaxi, foi tímida, mas logo conquistou a família. Um dos símbolos da mudança, é a chegada da plantadeira. “O investimento surgiu a partir do primeiro ano que fizemos tudo manual. Compramos ela em 2021 e de lá pra cá, melhorou muito”.
A pulverização também foi mecanizada garantindo mais agiliza e eficiência nos tratos culturais. Desde o início, quem tem acompanhado essa história é o técnico de campo da ATeG do Senar-MT, Eduardo Teixeira.
Ele conta que o abacaxi serviu como uma alternativa por ser menos exigente em água comparado com o café.
“Nas condições climáticas aqui de Tangará da Serra, do plantio a colheita são cerca de 18 meses e a cultura precisa, por ano, de 600 milímetros de água para a produção. Ela é relativamente baixa em necessidade hídrica com bastante valor agregado. Hoje 100% da fonte de renda da propriedade é 100% do abacaxi”, conta.
As visitas mensais do Eduardo, ajudam a definir as melhores estratégias para o desenvolvimento da cultura na propriedade.
Uma das mudanças foi a adequação do espaçamento. O plantio antes era feito em linhas simples e agora, as linhas possuem fileiras duplas. Assim, conforme o Eduardo, a área de enraizamento da planta fica maior, potencializando o crescimento da planta e do fruto. Podendo caber até 36 mil plantas por hectare.
A tendência agora, é melhorar a quantidade por hectare.
A ATeG orienta o produtor do início, a dificuldade e no gerenciamento. Juliana Dias é supervisora da ATeG Fruticultura e explica que se o produtor não souber gerenciar a sua propriedade, ele pode até produzir e ganhar dinheiro, mas não vai evoluir no controle financeiro.
A evolução da quantidade de abacaxis plantados no sítio Nossa Senhora Aparecida, é um exemplo de orientação correta. A área cultivada cresceu 3x desde o início dos atendimentos e o número de plantas saltou o dobro disso.
“Na época eles tinham em média, 40 mil plantas e hoje estão com cerca de 300 mil plantas. Conseguimos aumentar praticamente 6x e a nossa tendência agora, é melhorar a quantidade por hectare. Se conseguirmos colocar até 40 mil plantas, com irrigação, pulverização e manejo correto. Teremos um acréscimo na produtividade, só pelo espaçamento”, conta Eduardo.
A expectativa agora, é aumentar em 50% a produção.
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