Planejamento e formação continuada são chaves para o ensino de inglês
Aprender um novo idioma tem suas dificuldades e facilidades. Conhecer regras gramaticais e conseguir ampliar o vocabulário estão entre algumas das principais dificuldades de quem estuda uma língua estrangeira.
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Apesar das variações contextuais e das especificidades de cada aluno, alguns desafios no ensino de inglês são comuns a todos. No ensino fundamental, por exemplo, embora o contexto possa mudar de uma escola para outra, certos problemas persistem.
“Os alunos frequentemente enfrentam dificuldades por diferentes motivos, como falta de vocabulário, gramática, pronúncia e falta de oportunidade de praticar com nativos ou falantes de inglês”, explica Ruymara Almeida, consultora educacional com experiência no ensino de inglês nas redes públicas e particulares.
Ela exemplifica que, sem ter um repertório adequado, os estudantes terão mais dificuldade em se comunicar, compreender, ler e escrever. Por isso, uma das frentes a serem investidas é a do vocabulário, que vai garantir que crianças e adolescentes se desenvolvam ainda mais ao aprender a língua inglesa.
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André Coelho, professor de inglês e assessor pedagógico da Wings, destaca que obstáculos como falta de acesso ao idioma no dia a dia e formação adequada para os professores também são aspectos recorrentes à etapa de ensino – sem contar problemas mais amplos e ainda comuns no dia a dia da escola
“Dificuldades de aprendizagem não diagnosticadas, como violência e bullying, e a falta de apoio familiar também impactam o desempenho escolar. Currículos engessados e problemas de disciplina em sala de aula agravam esses desafios, tornando o ambiente educacional menos eficaz e relevante”, detalha.
Pistas para o cenário
O educador sugere que a persistência desses problemas no ensino fundamental pode estar relacionada à falta de políticas públicas educacionais integradas e eficazes. “Muitas vezes, as escolas enfrentam limitações orçamentárias e falta de apoio governamental, o que dificulta a implementação de programas de formação para professores e a melhoria da infraestrutura”, afirma.
Uma outra pista que pode causar esses problemas comuns, segundo André, é a diversidade socioeconômica dos estudantes, que por sua vez leva a desigualdade no acesso a recursos.
Praticar um segundo idioma requer contato constante, seja por meio de músicas, filmes e leituras. Quando a turma raramente conversa ou faz trocas em inglês, perde a chance de se sair tão bem quanto poderiam. Isso inclui a dificuldade em aprender a pronunciar corretamente.
Tanto André quanto Ruymara, ouvir pouco e falar pouco são dois grandes pontos de atenção.”Isso limita a capacidade dos alunos de se comunicarem efetivamente em inglês. Outro desafio significativo é a desigualdade de nível entre os alunos; turmas compostas por estudantes com diferentes proficiências dificultam a aplicação de um ensino uniforme e eficaz”, ressalta André.
Formar e acompanhar os professores
Uma estratégia para ampliar o processo de ensino-aprendizagem da língua inglesa nas escolas é investir na formação continuada dos professores. André reforça que cursos e oficinas para aprimorar a prática do corpo docente são fundamentais para lidar com esses desafios.
“Considerando o baixo domínio de inglês da população em geral, é compreensível que seja difícil formar bons professores de inglês. Isso resulta na utilização de abordagens e recursos ineficazes na maioria das escolas, o que agrava as dificuldades inerentes ao aprendizado de qualquer língua, incluindo o inglês”, acrescenta Ruymara.
Quanto a isso, André destaca: “O planejamento colaborativo entre professores é essencial, permitindo a troca de experiências e estratégias. A capacitação em ensino diferenciado ajuda a atender às diversas necessidades dos alunos”.
Como os alunos vêem o idioma
Nem sempre as dificuldades no ensino de idiomas estão relacionadas a estruturas inadequadas ou à baixa formação docente. Em muitos casos, os professores relatam a falta de engajamento dos alunos, que não veem sentido em aprender um novo idioma –André costuma ouvir esse tipo de depoimento em muitas de suas formações com educadores. O que fazer para reverter esse quadro?
A professora Ruymara tem uma recomendação. “Acredito que o que se pode fazer de maneira universal é preparar os professores para criarem uma percepção mais positiva em relação ao inglês junto aos alunos, mostrar as vantagens cognitivas e sociais de quem tem um bom domínio da língua. Por exemplo, ao estudar e praticar duas línguas, você melhora sua habilidade de memorizar e desenvolve mecanismos de tomada de decisão mais ágeis”, exemplifica.
Além disso, a educadora sugere que os professores expliquem as dificuldades normais do aprendizado de uma língua estrangeira, incentivando a resiliência dos estudantes para que não desistam.
André também destaca que realizar avaliações diagnósticas pode ajudar a identificar os níveis de proficiência dos alunos, permitindo que o ensino seja adaptado às suas necessidades específicas. Além disso, integrar conteúdos relevantes e de interesse dos alunos ao ensino de inglês torna o aprendizado mais significativo e motivador.
Na esteira das estratégias que surtem efeito para essa faixa etária, o uso de recursos diversificados é essencial, como por exemplo materiais didáticos variados, jogos, vídeos e aplicativos que ajudem a aula a ficar mais engajante e atrativa. “Também é importante focar na prática oral, criando oportunidades para que os alunos se comuniquem por meio de debates, dramatizações e atividades em pares, aumentando assim sua fluência”, conclui André.
Práticas docentes a serem replicadas
Confira as sugestões dos entrevistados para aumentar o estímulo entre professores e alunos e, assim, incentivar o aprendizado da língua inglesa:
Planejamento colaborativo: A colaboração entre professores é fundamental para a troca de experiências e estratégias.
Capacitação em ensino diferenciado: Formação especializada em ensino diferenciado ajuda a atender às diversas necessidades dos alunos.
Integração de tecnologia: O uso de tecnologia nas aulas torna o aprendizado mais dinâmico e interessante.
Sistema de retorno (feedback) contínuo: Implementar um sistema de feedback contínuo permite que os alunos expressem suas dificuldades, possibilitando ajustes no ensino.
Ambiente positivo: Criar um ambiente onde o erro é valorizado incentiva a participação ativa dos alunos.
Parcerias com a comunidade: Colaborações com a comunidade local enriquecem o aprendizado com experiências práticas.
Avaliações formativas: Utilizar avaliações formativas possibilita monitorar o progresso dos alunos e ajustar o ensino conforme necessário.