Segurança digital no topo das preocupações de líderes educacionais
Com conectividade suficiente, tanto em termos de dispositivos disponíveis (para professores, estudantes e escolas) quanto em velocidade de banda larga, líderes de tecnologia no estado do Arkansas, no sudoeste dos Estados Unidos, têm se preocupado com outra questão: a proteção de dados contra ataques virtuais.
Sigo aqui nos Estados Unidos, participando do intercâmbio IVLP (International Visitor Leadership Program (Programa de Liderança para Visitantes Internacionais). Na última semana, acompanhei uma mesa-redonda com líderes de diferentes distritos educacionais do estado, que estiveram na ACOT (sigla em inglês para Conferência de Tecnologia do Arkansas), um evento de compartilhamento de boas práticas e debates sobre a tomada de decisão por gestores educacionais a respeito da tecnologia.
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Na ocasião, técnicos contaram que têm direcionado suas atenções para reforçar as camadas de segurança de informações pessoais em seus servidores, que incluem, por exemplo, informações pessoais, desempenho acadêmico e acompanhamento psicológico.
Essa atitude em relação à privacidade de informações não é obra do acaso. Em 2022, a rede educacional de Little Rock (capital do Arkansas), que tem 21,2 mil estudantes, foi vítima de um ransomware. Neste tipo de ataque virtual, um tipo de software malicioso criptografa os arquivos de um computador ou sistema e exige um resgate para desbloqueá-los. A ação geralmente começa quando a vítima abre um anexo de e-mail infectado, clica em um link ou baixa um arquivo comprometido. Na época, para resolver o problema, o conselho de educação do distrito aprovou o pagamento de US$ 250 mil aos criminosos.
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Simulação de ataque virtual
Diante desse cenário, atualmente os professores passam por treinamentos constantes, pois a maior parte dos ataques ocorre devido a erros humanos. Dessa forma, são feitas simulações que envolvem o disparo de e-mails com mensagens e links que simulam tentativas de golpe para avaliar o quão desconfiados ou preparados estão os integrantes de equipes escolares. Se continuam a clicar em tais links, precisam passar por uma trilha online que explica em detalhes o nível de perigo que uma senha fraca ou um clique sem maior análise pode representar para milhares de usuários.
Os distritos têm trabalhado para criar uma cultura de segurança cibernética e de dados. A proposta envolve explicar a importância da proteção, sem usar, por enquanto, qualquer tipo de punição.
No Arkansas, existe um sistema centralizado de informações estudantis e financeiras para todas as escolas públicas, o que facilita a análise e a geração de relatórios.
Em relação ao uso de celulares, as escolas estão implementando políticas para gerenciar o uso de telefones em sala de aula, com diferentes níveis de liberdade dependendo da idade dos alunos. Como aqui no Brasil, o objetivo é minimizar as distrações e problemas disciplinares causados pelos celulares.
Competência digital de professores
A familiaridade dos professores com a tecnologia é heterogênea. Professores mais experientes podem necessitar de mais apoio e uma abordagem formativa mais individualizada para se adaptarem às novas ferramentas, reconhecendo as diferentes necessidades e ritmos de aprendizagem.
Uso de celulares por estudantes
Também tenho aproveitado esses encontros para saber quais providências as redes educacionais tomam para regular o uso de celulares por estudantes. Assim como em outras partes dos Estados Unidos, os distritos do Arkansas têm políticas próprias sobre o assunto.
Alguns distritos permitem mais liberdade para os alunos mais velhos, enquanto outros proíbem o uso de telefones durante todo o período de aulas.
A governadora do Arkansas iniciou recentemente um projeto piloto para fornecer fundos para distritos que desejam implementar bolsas com trava ou armários para que os alunos guardem seus telefones.
E claro, como no Brasil, a preocupação com a distração e os problemas de disciplina causados pelos telefones celulares é um fator importante para a implementação dessas políticas.
Inteligência artificial
O uso de ferramentas de inteligência artificial ainda está em fase experimental, com professores recorrendo a esse tipo de funcionalidade dentro de plataformas que já conhecem. Entre as citadas pelos líderes de tecnologia durante a conversa está a Magic School, útil para a criação de planos de aula e outras tarefas, economizando tempo e promovendo eficiência.
Como aqui no Brasil, os gestores que participaram da conversa também reconheceram que a relação entre tecnologia e resultados de aprendizagem ainda carece de métricas sólidas e capazes de serem entendidas pelos gestores educacionais.