Acelerador de partículas revela peixe de 240 milhões de anos

Acelerador de partículas revela peixe de 240 milhões de anos
Publicado em 13/12/2024 às 18:13

Uma pesquisa conduzida por paleontólogos suíços e alemães usou um acelerador de partículas na análise de fósseis recém-descobertos de celacantos, peixes que habitam os mares há mais de 400 milhões de anos. 

Publicado por uma equipe internacional que inclui pesquisadores do Museu de História Natural de Genebra (MHNG), da Universidade de Genebra (UNIGE), e do Instituto de Pesquisa Senckenberg, o estudo acabou revelando uma nova espécie, denominada Graulia branchiodonta.

Datados de aproximadamente 240 milhões de anos, os fósseis foram encontrados em nódulos de argila do Triássico Médio na região de Lorena, na França. Medindo cerca de 15 centímetros, os espécimes jovens estão excepcionalmente bem preservados em três dimensões, uma característica rara em registros paleontológicos. 

Representação 3D de espécimes de Graulia branchiodonta após a “remoção digital” do fóssil da rocha. Crédito: L. Manuelli – MHNG

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Com técnicas avançadas de imagem na Instalação Europeia de Radiação Síncrotron (ESRF), em Grenoble, cientistas criaram modelos 3D detalhados para analisar o esqueleto de peixes. O acelerador de partículas bombardeou as rochas fossilizadas com elétrons de alta energia, revelando estruturas ósseas com características inéditas.

Os autores do estudo Luigi Manuelli (UNIGE) e Lionel Cavin (MHNG), no Síncrotron de Grenoble (ESRF). Crédito: K.Dollman – ESRF

O animal foi batizado em referência ao dragão mítico Graoully, do folclore de Lorena, e aos dentes proeminentes em suas guelras. A nova espécie exibe características notáveis, como canais sensoriais altamente desenvolvidos, sugerindo um comportamento mais ágil em comparação com os celacantos modernos, como a Latimeria. Outro traço marcante é sua bexiga de gás, que pode ter auxiliado na respiração, audição ou flutuabilidade.

Esses celacantos viveram poucos milhões de anos após a maior extinção em massa dos últimos 500 milhões de anos. Suas peculiaridades anatômicas e comportamentais intrigam os cientistas, que continuam investigando tanto suas características morfológicas quanto genéticas. O estudo atual faz parte de um esforço contínuo para compreender a evolução desses “fósseis vivos”, que, embora tenham evoluído lentamente, revelam surpresas a cada nova descoberta.

Além de ampliarem o conhecimento sobre a biodiversidade do Triássico, as pesquisas ajudam a entender como os celacantos sobreviveram e se adaptaram em um planeta em transformação. Estudos futuros prometem aprofundar a comparação entre os genomas dos celacantos e outros vertebrados, trazendo novas perspectivas sobre a evolução da vida marinha.