Lua de Júpiter Io não possui oceano de magma, indica pesquisa
Io, a lua mais vulcanicamente ativa do Sistema Solar, sempre intrigou cientistas por sua intensa atividade geológica. Por décadas, acreditou-se que essa dinâmica extrema fosse alimentada por um vasto oceano subterrâneo de magma sob a superfície da lua de Júpiter.
Uma nova pesquisa, entretanto, revela que o vulcanismo de Io é sustentado por câmaras magmáticas dispersas no manto, e não por um oceano global. A descoberta desafia teorias antigas e reforça uma compreensão mais localizada das fontes de magma que impulsionam as erupções.
Publicado na revista Nature, o estudo traz informações sobre o impacto das forças de maré na evolução de luas e planetas. Ryan Park, engenheiro do Jet Propulsion Laboratory, destaca que os resultados podem ser aplicados em pesquisas sobre luas como Encélado e Europa, além de exoplanetas e super-Terras.
Análise a partir da sonda Juno
- Utilizando imagens da sonda Juno, medições gravitacionais e dados históricos, os cientistas concluíram que a maior parte do manto de Io é sólido.
- A sonda realizou dois sobrevoos próximos, fornecendo informações cruciais sobre a estrutura interna da lua.
- Scott Bolton, físico espacial do Southwest Research Institute, explicou que “desde a descoberta do vulcanismo de Io em 1979, os cientistas se perguntam como os vulcões são alimentados. Seria um oceano raso de magma ou algo mais localizado?”.
- Os resultados indicam que as erupções são impulsionadas por câmaras magmáticas locais, enquanto as deformações gravitacionais observadas não sustentam a hipótese de um oceano global próximo à superfície.
Leia mais:
Vulcanismo extremo e forças gravitacionais
Io orbita Júpiter a cada 42,5 horas, sofrendo forças gravitacionais extremas que deformam sua superfície constantemente. Esse fenômeno, chamado de flexão de maré, gera calor suficiente para derreter partes do interior da lua, alimentando o vulcanismo.
Bolton afirma: “Se Io tivesse um oceano global de magma, o sinal gravitacional seria muito maior, indicando um interior mais flexível. O que observamos, porém, é um interior mais sólido“.
Com erupções que atingem centenas de quilômetros e uma superfície coberta por silicato e dióxido de enxofre, Io tem um terreno montanhoso e dinâmico, descrito como uma “pizza cósmica” devido às suas cores vibrantes e atividade constante.