O ano de 2024 consolidou a figura de Elon Musk como um dos personagens mais influentes e controversos do mundo da tecnologia. Do espaço às ruas, passando pela internet e a neurociência, suas empresas continuaram a gerar manchetes e debates acalorados. 

Abaixo, exploramos os principais acontecimentos envolvendo Musk e seu império, com ênfase nos sucessos, desafios e polêmicas que marcaram o último ano.

X/Twitter: turbulência e bloqueio no Brasil

A transformação do X (antigo Twitter) continuou a ser fonte de controvérsias em 2024. As mudanças implementadas pelo empresário, como a reformulação do sistema de verificação, a flexibilização das políticas de moderação de conteúdo e a ênfase em recursos pagos, dividiram a opinião pública e geraram um êxodo de usuários e anunciantes. Como resultado, a plataforma lutou para manter sua relevância e enfrentar a concorrência de outras redes sociais.

Um dos episódios mais marcantes envolvendo o X em 2024 foi o bloqueio da plataforma no Brasil por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão judicial, motivada por alegações de disseminação de desinformação e ataques às instituições democráticas, gerou um intenso debate sobre liberdade de expressão, limites da atuação judicial e o papel das plataformas digitais na sociedade. 

O episódio elevou a tensão entre Musk e o STF, com o empresário fazendo declarações públicas criticando a decisão e questionando a legitimidade das instituições brasileiras. O bloqueio, embora temporário, teve um impacto significativo na dinâmica política e social do país, e acendeu um alerta sobre a necessidade de um debate global sobre a regulação das mídias sociais.

A empresa também enfrentou desafios financeiros, com uma queda na receita de publicidade e dificuldades em atrair novos usuários. No fim, a visão de Musk para o X como um “aplicativo para tudo” ainda está em desenvolvimento, e o futuro da plataforma permanece incerto, como observa Carlos Affonso de Souza, doutor e mestre em Direito Civil, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS).

No final das contas, Musk e o X se tornam cada vez mais peças no contexto político doméstico de vários países. O dono da rede pode escolher aliados e fazer adversários a cada momento, usando o engajamento e o poder de comunicação da rede social a seu favor. Dentro do X, Musk joga em casa, mas os conflitos com anunciantes e potenciais investidores mostra que essa estratégia é igualmente arriscada. Fora da bolha de apoiadores, o X também pode perder credibilidade, embora tenha sido até aqui uma rede social que demonstra enorme resiliência

Carlos Affonso de Souza, doutor e mestre em Direito Civil, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS), em entrevista ao Olhar Digital.

Tesla: Cybercab, recalls e FSD sob investigação

O ano também foi de altos e baixos para a Tesla. O lançamento do Cybercab, veículo autônomo projetado para serviços de transporte compartilhado, gerou grande expectativa. Seu design futurista e a promessa de revolucionar a mobilidade urbana atraíram a atenção do público e da mídia. No entanto, o lançamento foi ofuscado por uma série de recalls do Cybertruck.

O aguardado veículo utilitário da Tesla enfrenta problemas de qualidade e segurança que levaram a empresa a convocar milhares de unidades para reparos e até paralisar a produção, afetando negativamente a imagem da marca.

Já o sistema Full Self-Driving (FSD) da Tesla, continuou sob intenso escrutínio em 2024. Investigações sobre acidentes envolvendo o FSD levantaram sérias questões sobre a segurança e a confiabilidade da tecnologia. Reguladores e autoridades de segurança em diversos países intensificaram a fiscalização sobre a Tesla, exigindo mais transparência e dados sobre o desempenho do sistema de direção semi-autônoma. 

SpaceX e o domínio da corrida espacial

• A SpaceX, por sua vez, manteve sua posição dominante na corrida espacial em 2024, impulsionada pelo desenvolvimento contínuo do Starship e pela expansão da constelação de satélites da Starlink; 
• Os testes de voo do Starship — embora ainda sujeitos a percalços e explosões espetaculares — demonstraram avanços significativos na tecnologia de pouso vertical e reutilização, elementos cruciais para a visão de Musk de colonizar Marte; 
• A empresa também firmou novos contratos de lançamento com agências governamentais e empresas privadas, consolidando sua posição como líder no mercado de lançamentos espaciais;
• A frequência de lançamentos do Falcon 9 também continuou impressionante, demonstrando a confiabilidade e a eficiência do foguete reutilizável.

Neuralink: avanços e o dilemas da Neurotecnologia

• A Neuralink continuou a trilhar seu caminho rumo à criação de interfaces cérebro-computador avançadas em 2024;
• A empresa divulgou novos dados sobre seus testes em humanos, demonstrando progressos na capacidade de controlar dispositivos eletrônicos com o pensamento;
• As implicações dessa tecnologia para pessoas com deficiências motoras e doenças neurológicas são imensas, abrindo a possibilidade de restaurar funções perdidas e melhorar a qualidade de vida.

No entanto, o trabalho da Neuralink também intensificou os debates éticos em torno da neurotecnologia. Questões sobre privacidade, segurança, autonomia individual e o potencial para aplicações não terapêuticas da tecnologia ganharam destaque. Especialistas e o público questionam, por exemplo, quais são os limites da intervenção tecnológica no cérebro humano e a necessidade de regulamentações rigorosas para garantir o uso ético e responsável dessas tecnologias.

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Imprevisibilidade de Musk também foi destaque

Além dos avanços e desafios das suas principais empresas, Musk continuou a se envolver em outros projetos e a fazer declarações públicas que geraram polêmica ao longo de 2024. Suas opiniões sobre inteligência artificial, mudanças climáticas, política e o futuro da humanidade continuaram a gerar manchetes e debates.

Sua presença ativa nas redes sociais e sua capacidade de influenciar a opinião pública, para o bem e para o mal, permaneceram uma constante — tendência que deve continuar em 2025, agora também como figura ativa no governo Trump.