Após audiência de custódia, prisão de general e ex-ministro Braga Netto é mantida | FTN Brasil
PAULA VALÉRIA
DA REDAÇÃO
O general Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, passou por audiência de custódia na tarde de sábado (14), conduzida por um juiz auxiliar do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Durante a audiência, foi mantida a prisão preventiva de Braga Netto, conforme decisão do STF e o Braga permanecerá detido no Comando Militar do Leste, localizado no Rio de Janeiro.
O general Braga Netto foi preso na manhã de sábado (14) pela Polícia Federal sob a acusação de obstruir as investigações relacionadas à tentativa de golpe de Estado destinada a impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que fundamentou a prisão, Braga Netto teria atuado como um dos principais articuladores do plano golpista.
A defesa de Braga Netto divulgou uma nota na tarde sábado, negando as acusações de obstrução das investigações. Na nota, os advogados do ex-ministro afirmam que ele não agiu de forma a prejudicar a apuração dos fatos e que irá se manifestar formalmente no processo para apresentar sua versão e refutar as alegações feitas pela Polícia Federal.
Os advogados Luís Henrique Cesar Prata, Gabriela Leonel Venâncio e Francisco Eslei de Lima, todos da Prata Advocacia, de Brasília, divulgaram que tomaram conhecimento “parcial”, pela manhã de sábado, da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), e que vão se manifestar nos autos do processo após “plena ciência dos fatos que ensejaram a decisão proferida”.
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“Tentou obstruir as investigações”
De acordo com as investigações, o general tentou acessar dados sigilosos da delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. Essa tentativa foi interpretada como uma ação para “impedir ou embaraçar as investigações em curso”, reforçando os indícios de sua participação em um esquema para minar as apurações conduzidas pelas autoridades.
De acordo com o relatório da Polícia Federal, há “diversos elementos de prova” que indicam a participação de Walter Braga Netto em ações para obstruir as investigações sobre a tentativa de golpe de Estado. O general teria agido com o intuito de impedir a completa elucidação dos fatos e, além disso, tentar controlar as informações fornecidas, alterando a realidade dos fatos apurados. Uma das acusações inclui a tentativa de alinhar versões entre os investigados.
O relatório destaca trocas de mensagens entre Braga Netto e o pai de Mauro Cid, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, para obter detalhes sigilosos da delação premiada de Cid. Além disso, é mencionado que Braga Netto teria repassado dinheiro “em uma sacola de vinho”, com a justificativa de que o valor seria destinado ao financiamento das despesas necessárias para a realização do plano de golpe.
General da reserva, Braga Netto foi candidato à vice-presidência nas eleições de 2022, na chapa com Jair Bolsonaro. Antes disso, ele ocupou o cargo de ministro-chefe da Casa Civil, de 2020 a 2021, e de ministro da Defesa, de 2021 a 2022.
No processo de investigação sobre a tentativa de golpe de Estado, a Polícia Federal apurou que, em novembro de 2022, uma das reuniões para tratar do suposto plano golpista ocorreu na casa do próprio Braga Netto.
Essa reunião, conforme as investigações, teria sido um dos momentos-chave na articulação do plano de subversão, que visava impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva. A apuração também sugere que Braga Netto desempenhou um papel central na tentativa de controle das versões dos fatos entre os investigados, além de outras ações para obstruir as investigações.