Biden deixa decisão de banimento nas mãos de Trump

Biden deixa decisão de banimento nas mãos de Trump
Publicado em 17/01/2025 às 1:27

O futuro do TikTok nos Estados Unidos está envolto em incertezas, com o presidente Joe Biden optando por não implementar o banimento da plataforma de mídia social antes de sua saída do cargo, transferindo a responsabilidade para o presidente eleito Donald Trump, de acordo com a Associated Press (AP).

A decisão ocorre em meio a discussões sobre segurança nacional, economia digital e influência política da rede social chinesa.

A lei aprovada pelo Congresso em 2020 e assinada por Biden exige que a ByteDance, empresa controladora do TikTok, venda a plataforma até domingo (19), um dia antes da posse presidencial. Apesar disso, a administração Biden optou por não agir diretamente, deixando a implementação da medida a cargo do governo Trump.

Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em discurso
Presidente deixará poder após sancionar a lei (Imagem: photosince/Shutterstock)

Um funcionário da administração de Biden, falando sob condição de anonimato à AP, confirmou que Trump deverá decidir se seguirá com a aplicação da lei, que pode banir o TikTok do mercado estadunidense caso a ByteDance não atenda às exigências de desinvestimento.

Donald Trump, que, anteriormente, buscava proibir o TikTok devido a preocupações com segurança nacional, mudou sua posição ao longo de sua campanha de 2024.

Durante a corrida presidencial, Trump ingressou na plataforma, utilizando-a para alcançar eleitores jovens e promover conteúdos virais. Ele atribuiu parte de sua vitória eleitoral ao uso estratégico do TikTok, prometendo “salvar a plataforma” caso fosse eleito.

Nesta quarta-feira (15), o The Washington Post publicou que o presidente eleito pode decretar uma ordem executiva para impedir o fim da rede social no país.

Debate no Congresso e reações bipartidárias

A questão do TikTok gerou raro alinhamento entre legisladores de ambos os partidos. Enquanto o líder democrata do Senado, Chuck Schumer, defendeu a extensão do prazo para evitar interrupções na vida de milhões de usuários, o senador republicano Tom Cotton se opôs, criticando o TikTok como “ferramenta de espionagem comunista” que compromete a privacidade dos jovens estadunidenses.

Cotton, presidente do Comitê de Inteligência do Senado, afirmou que a ByteDance teve tempo suficiente para encontrar um comprador local e que o atraso representa risco à segurança nacional.

Leia mais:

TikTok: audiências no Supremo e desafios legais

  • Na semana passada, a Suprema Corte ouviu argumentos de ação judicial movida pelo TikTok, ByteDance e usuários da plataforma contra a lei que exige o desinvestimento;
  • Analistas jurídicos acreditam que a Corte deve confirmar a constitucionalidade da medida, o que fortaleceria o argumento de Trump para pressionar por um acordo ou banimento definitivo;
  • O conselheiro de segurança nacional de Trump, Mike Waltz, afirmou que a lei oferece alternativa ao banimento, permitindo extensões desde que um acordo viável esteja em negociação;
  • Ele também destacou o compromisso de Trump com a proteção dos dados dos usuários, mesmo reconhecendo os benefícios da plataforma para campanhas políticas.
Ao fundo, rosto de onald Trump desfocado; à frente, logo do TikTok em um smartphone
Futuro presidente dos EUA está tentando evitar banimento da rede social chinesa (Imagem: miss.cabul/Shutterstock)

CEO do TikTok irá à posse de Trump

A posse de Trump, marcada para esta segunda-feira (20), contará com a presença de figuras proeminentes do setor tecnológico, incluindo Elon Musk, dono do X e outras empresas, Mark Zuckerberg, cofundador e CEO da Meta, Sam Altman, cofundador e CEO da OpenAI e Jeff Bezos, fundador da Amazon.

Além deles, na quarta-feira (15), o Times indicou que o CEO do TikTok, Shou Zi Chew, também foi convidado e estará no palco principal da cerimônia. Segundo fontes internas, a escolha de convidar Chew sugere possível abertura do governo para discutir soluções que mantenham o TikTok operacional nos Estados Unidos.

Impactos econômicos e sociais

A decisão de banir ou salvar o TikTok tem implicações profundas. A plataforma, com milhões de usuários no país, se tornou um pilar da economia criativa, especialmente para influenciadores e pequenos negócios. Segundo Schumer, um banimento abrupto prejudicaria significativamente esses grupos.

Entretanto, críticos, como Cotton, alertam para os riscos de manipulação política e espionagem. Ele afirma que a coleta de dados pela ByteDance representa ameaça direta à privacidade e à segurança dos estadunidenses.

Próximos passos e incertezas

Pam Bondi, indicada por Trump para o cargo de procuradora-geral, evitou comentar se apoiaria o banimento do TikTok durante audiência no Senado para confirmá-la no cargo, realizada nesta quarta-feira (15). Enquanto isso, Trump sinalizou que está disposto a negociar, sugerindo possíveis mudanças regulatórias para permitir que o aplicativo continue operando sob condições específicas.

Com o prazo para o desinvestimento se aproximando, a decisão final de Trump pode definir não apenas o futuro do TikTok, mas, também, as bases da regulamentação das redes sociais e da proteção de dados nos Estados Unidos. O debate destaca o equilíbrio delicado entre inovação tecnológica, privacidade e segurança nacional em um cenário global cada vez mais conectado.

Logo do TikTok em um smartphone que está em cima de um notebook
Rede social chinesa luta para permanecer em solo estadunidense (Imagem: miss.cabul/Shutterstock_