Como gás metano piora a emergência climática?

Como gás metano piora a emergência climática?
Publicado em 11/10/2024 às 2:30

A meta do Compromisso Global de Metano estabeleceu uma redução de emissões do gás em 30% até o final da década. O acordo surgiu em 2021 e foi assinado por mais de 150 nações.

Entretanto, pesquisas mais recentes mostram que, na verdade, as emissões de metano (CH4) não tem caído, e sim aumentado, segundo artigo do The Conversation. As concentrações atmosféricas estão crescendo de forma mais rápida do que em qualquer outro momento desde que registros começaram a ser feitos há 40 anos.

Conforme dados da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos, mesmo quando as emissões de dióxido de carbono diminuíram durante os bloqueios da pandemia de 2020, o metano continuou a aumentar.

A agricultura é a fonte predominante de emissão do gás metano. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o esterco e as liberações gastroentéricas dos animais são responsáveis por cerca de 32% das emissões de metano causadas pelo ser humano.

(Imagem: SergeiShimanovich/Shutterstock)

Existem outras fontes de metano agrícola que não envolvem os animais, como cultivo de arroz em casca, que é responsável por 8% das emissões relacionadas às atividades humanas. Nesse caso, os campos inundados dificultam que o oxigênio penetre no solo e criam um ambiente propício para surgimento de bactérias que liberam CH4

Leia mais:

Depois do dióxido de carbono, o gás metano é o que mais contribui para o aquecimento global entre os gases do efeito estufa. As atividades humanas emitem menos metano do que dióxido de carbono, mas o primeiro é 80 vezes mais eficaz do CO2 na retenção de calor nas duas primeiras décadas após atingir a atmosfera. Já nos primeiros cem anos, o metano é 27 vezes mais potente que o dióxido de carbono.

Enquanto o dióxido de carbono está associado com maior força ao aumento da temperatura global a longo prazo, o CH4 aquece a Terra de forma intensa logo após ser emitido.

De acordo com os últimos relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, o metano é responsável por cerca de 0,5ºC de aquecimento. Desde a era pré-industrial, o planeta já esquentou 1,2ºC. As concentrações atmosféricas do metano observadas recentemente são consistentes com cenários que preveem um aumento de 3ºC na temperatura do planeta até 2100.

Chaminé de indústria soltando fogo com metano
(Imagem: Leonid Ikan/iStock)

Como a redução da emissão do CH4 pode ajudar o planeta?

Reduzir a quantidade de metano na atmosfera permite ganhar tempo para desacelerar o aquecimento global, já que o dióxido de carbono é uma molécula mais estável, que retém calor por milhares de anos até ser absorvido pelo oceano ou pelas plantas.

Na agricultura, é possível obter reduções rápidas a partir aditivos de rações que reduzem o metano expelidos por vacas, ovelhas, cabras e búfalos. Nos arrozais, uma das soluções é a drenagem.

Além disso, há iniciativas já bem estabelecidas para capturar o metano em aterros sanitários e utilizá-los para a produção de energia ou calor.