Estufas viram galinheiros e aumentam renda em sítio de MT

Estufas viram galinheiros e aumentam renda em sítio de MT
Publicado em 13/01/2025 às 15:11

Estufas que até pouco tempo atrás eram usadas na olericultura, gradativamente estão sendo transformadas em galinheiros na Estância Paraíso, no distrito Cachoeira Rica em Chapada dos Guimarães. A propriedade passou a investir na produção de ovos caipiras e há seis meses recebe atendimento do programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Senar Mato Grosso.

Nascido no Paraná e morando em Mato Grosso desde a década de 1980, o hoje avicultor, Pedro Alves Cassemiro por algum tempo teve um pequeno mercado em Cuiabá. Contudo, a violência, diante do crescimento de assaltos, o levou a voltar para as suas raízes: o campo.

A história da Estância Paraíso começou há 14 anos quando “seo” Pedro resolveu buscar um lugar mais tranquilo. O local possui quatro hectares, onde o verde das árvores e as águas de um rio que corre ao lado embelezam o cenário e justificam o nome da propriedade.

No início o foco do produtor era o cultivo de hortaliças. Ele instalou estufas e desenvolveu mercado em Chapada dos Guimarães e Cuiabá e estava satisfeito com a atividade.

“Foram vários anos produzindo bem. Eu atendia mercados locais aqui de Chapada e levava também para Cuiabá. Na época eu trabalhava com uma Kombi e tirava cinco, seis Kombis por semana”.

Tudo ia bem até que o aumento da presença de pragas desestimulou o produtor. Avesso ao uso de pesticidas, ele viu o desempenho dos cultivos encolher e inviabilizar a continuidade do negócio.

“Aí buscando uma alternativa, porque na roça, na pequena propriedade não é tão fácil você tirar o sustento, surgiu a ideia da galinha de postura”, conta ele ao Senar Transforma desta semana.

A troca da atividade, de acordo com “seo” Pedro, começou em agosto de 2023 com a compra das primeiras 80 aves, que passaram a ser criadas no sistema caipira, soltas no sítio e livres para comer e fazerem o que quisessem.

Produtores se unem forças por conhecimento

O “seo” Pedro, que nunca havia trabalhado com avicultura, buscou aprender sobre a nova atividade. Mesmo assim, esbarrava na falta de conhecimento técnico.

A solução surgiu após ele somar forças com outros avicultores de Chapada dos Guimarães, que também enfrentavam dificuldades.

Hoje, o “seo” Pedro é um dos 35 avicultores associados ao Grupo Produzir Chapada, que também surgiu há pouco tempo. Conforme o avicultor e presidente da Associação, João Luiz Gonçalves, a entidade tem como objetivo de conjuntamente proporcionar a alavancada, o crescimento da atividade e rentabilidade entre os produtores.

“Se formou um grupo grande. Começamos a comprar. Cada um comprou as suas galinhas e assim começamos. Estamos há um ano com esse grupo. E, por causa da Associação, do Grupo Produzir Chapada, é que o Senar está aqui hoje nos auxiliando”, diz João Luiz.

O supervisor regional do Senar Mato Grosso, Rodrigo Gonçalves, revela ao programa do Canal Rural Mato Grosso, que a assistência técnica e gerencial chegou ao grupo após os avicultores buscarem o Sindicato Rural de Chapada dos Guimarães e pedirem ajuda.

“Isso partiu dos produtores. Eles já vinham com essa possibilidade de melhoria, de crescimento. Através disso começamos a fazer reuniões e dar início a uma nova frente da ATeG, que é um projeto de três anos para cada produtor que é atendido”, explica Rodrigo.

Produção de ovos cresce em seis meses

O atendimento da ATeG Avicultura na Estância Paraíso teve início em julho de 2024 e as transformações já são visíveis no local.

Quando o atendimento começou, lembra a técnica de campo da ATeG Avicultura, Nariane Gonçalves, o “seo” Pedro tinha aproximadamente 150 galinhas em fase produtiva. Porém, eram três linhagens misturadas, além de um lote de recria recém comprado.

A técnica comenta ao Senar Transforma que de julho para cá conseguiram definir uma linhagem de galinha produtiva para o produtor trabalhar, além de separar os ambientes, ou seja, o que é ave de recria e o que é ave de produção, e as idades.

Na avaliação de “seo” Pedro, a troca da olericultura pela avicultura foi um negócio acertado.

“Pelo menos é um pouco menos de trabalho. Neste pouco tempo já deu para perceber que a galinha é mais fácil, rende mais e dá mais resultado do que a horta”.

E o resultado é visto em números. A produção, que era de aproximadamente 1,6 mil ovos por mês, saltou para cerca de quatro mil ovos neste curto espaço de tempo.

A perspectiva para 2025 é aumentar ainda mais a produção e para isso melhorias nas estufas são projetadas, visando torná-las ainda mais adequadas para o uso na atividade, segundo Nariane.

O aumento na produção, frisa a técnica de campo do Senar Mato Grosso, é a soma de um conjunto de fatores. Além do aumento do plantel de aves, a eficiência produtiva fez a diferença.

“Quando fazemos na separação dos lotes, na separação das idades e fases, a gente consegue dar uma condição melhor para aquele lote, porque conseguimos fazer um controle do consumo de ração, tipo de ração. Então conseguimos mensurar muito e fazer um controle naquele lote e, consequentemente, nisso vem a eficiência produtiva”.

E o produtor que antes sabia pouco sobre a atividade, busca hoje colocar em prática tudo o que aprende a cada visita.

“É preciso seguir as orientações. A Nariane faz uma visita mensal para cada produtor e ela sempre deixa as orientações do que é necessário fazer. E é preciso que o produtor siga o que ela deixa, porque de nada adianta ela vir aqui, perceber alguma coisa errada ou que pode ser melhorada, passar isso para você e você não executar”.

Recentemente o Grupo Produzir Chapada conseguiu a emissão do Serviço de Inspeção Municipal, o SIM. Agora, trabalha para conquistar o selo estadual para poderem comercializar os ovos para todo o estado.

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