Estufas viram galinheiros e aumentam renda em sítio de MT
Estufas que até pouco tempo atrás eram usadas na olericultura, gradativamente estão sendo transformadas em galinheiros na Estância Paraíso, no distrito Cachoeira Rica em Chapada dos Guimarães. A propriedade passou a investir na produção de ovos caipiras e há seis meses recebe atendimento do programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Senar Mato Grosso.
Nascido no Paraná e morando em Mato Grosso desde a década de 1980, o hoje avicultor, Pedro Alves Cassemiro por algum tempo teve um pequeno mercado em Cuiabá. Contudo, a violência, diante do crescimento de assaltos, o levou a voltar para as suas raízes: o campo.
A história da Estância Paraíso começou há 14 anos quando “seo” Pedro resolveu buscar um lugar mais tranquilo. O local possui quatro hectares, onde o verde das árvores e as águas de um rio que corre ao lado embelezam o cenário e justificam o nome da propriedade.
No início o foco do produtor era o cultivo de hortaliças. Ele instalou estufas e desenvolveu mercado em Chapada dos Guimarães e Cuiabá e estava satisfeito com a atividade.
“Foram vários anos produzindo bem. Eu atendia mercados locais aqui de Chapada e levava também para Cuiabá. Na época eu trabalhava com uma Kombi e tirava cinco, seis Kombis por semana”.
Tudo ia bem até que o aumento da presença de pragas desestimulou o produtor. Avesso ao uso de pesticidas, ele viu o desempenho dos cultivos encolher e inviabilizar a continuidade do negócio.
“Aí buscando uma alternativa, porque na roça, na pequena propriedade não é tão fácil você tirar o sustento, surgiu a ideia da galinha de postura”, conta ele ao Senar Transforma desta semana.
A troca da atividade, de acordo com “seo” Pedro, começou em agosto de 2023 com a compra das primeiras 80 aves, que passaram a ser criadas no sistema caipira, soltas no sítio e livres para comer e fazerem o que quisessem.
Produtores se unem forças por conhecimento
O “seo” Pedro, que nunca havia trabalhado com avicultura, buscou aprender sobre a nova atividade. Mesmo assim, esbarrava na falta de conhecimento técnico.
A solução surgiu após ele somar forças com outros avicultores de Chapada dos Guimarães, que também enfrentavam dificuldades.
Hoje, o “seo” Pedro é um dos 35 avicultores associados ao Grupo Produzir Chapada, que também surgiu há pouco tempo. Conforme o avicultor e presidente da Associação, João Luiz Gonçalves, a entidade tem como objetivo de conjuntamente proporcionar a alavancada, o crescimento da atividade e rentabilidade entre os produtores.
“Se formou um grupo grande. Começamos a comprar. Cada um comprou as suas galinhas e assim começamos. Estamos há um ano com esse grupo. E, por causa da Associação, do Grupo Produzir Chapada, é que o Senar está aqui hoje nos auxiliando”, diz João Luiz.
O supervisor regional do Senar Mato Grosso, Rodrigo Gonçalves, revela ao programa do Canal Rural Mato Grosso, que a assistência técnica e gerencial chegou ao grupo após os avicultores buscarem o Sindicato Rural de Chapada dos Guimarães e pedirem ajuda.
“Isso partiu dos produtores. Eles já vinham com essa possibilidade de melhoria, de crescimento. Através disso começamos a fazer reuniões e dar início a uma nova frente da ATeG, que é um projeto de três anos para cada produtor que é atendido”, explica Rodrigo.
Produção de ovos cresce em seis meses
O atendimento da ATeG Avicultura na Estância Paraíso teve início em julho de 2024 e as transformações já são visíveis no local.
Quando o atendimento começou, lembra a técnica de campo da ATeG Avicultura, Nariane Gonçalves, o “seo” Pedro tinha aproximadamente 150 galinhas em fase produtiva. Porém, eram três linhagens misturadas, além de um lote de recria recém comprado.
A técnica comenta ao Senar Transforma que de julho para cá conseguiram definir uma linhagem de galinha produtiva para o produtor trabalhar, além de separar os ambientes, ou seja, o que é ave de recria e o que é ave de produção, e as idades.
Na avaliação de “seo” Pedro, a troca da olericultura pela avicultura foi um negócio acertado.
“Pelo menos é um pouco menos de trabalho. Neste pouco tempo já deu para perceber que a galinha é mais fácil, rende mais e dá mais resultado do que a horta”.
E o resultado é visto em números. A produção, que era de aproximadamente 1,6 mil ovos por mês, saltou para cerca de quatro mil ovos neste curto espaço de tempo.
A perspectiva para 2025 é aumentar ainda mais a produção e para isso melhorias nas estufas são projetadas, visando torná-las ainda mais adequadas para o uso na atividade, segundo Nariane.
O aumento na produção, frisa a técnica de campo do Senar Mato Grosso, é a soma de um conjunto de fatores. Além do aumento do plantel de aves, a eficiência produtiva fez a diferença.
“Quando fazemos na separação dos lotes, na separação das idades e fases, a gente consegue dar uma condição melhor para aquele lote, porque conseguimos fazer um controle do consumo de ração, tipo de ração. Então conseguimos mensurar muito e fazer um controle naquele lote e, consequentemente, nisso vem a eficiência produtiva”.
E o produtor que antes sabia pouco sobre a atividade, busca hoje colocar em prática tudo o que aprende a cada visita.
“É preciso seguir as orientações. A Nariane faz uma visita mensal para cada produtor e ela sempre deixa as orientações do que é necessário fazer. E é preciso que o produtor siga o que ela deixa, porque de nada adianta ela vir aqui, perceber alguma coisa errada ou que pode ser melhorada, passar isso para você e você não executar”.
Recentemente o Grupo Produzir Chapada conseguiu a emissão do Serviço de Inspeção Municipal, o SIM. Agora, trabalha para conquistar o selo estadual para poderem comercializar os ovos para todo o estado.
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