Existe a chance de uma supernova destruir a Terra?
Quando Betelgeuse, uma gigante vermelha na constelação de Órion, explodir em uma supernova, o brilho desse evento poderá superar o de qualquer planeta e ser comparável ao da lua cheia, tornando-se visível mesmo durante o dia. Mas, isso representa algum perigo para a Terra?
Localizada a cerca de 650 anos-luz, Betelgeuse está (felizmente) longe demais para causar danos. No entanto, supernovas mais próximas podem significar uma ameaça real ao Sistema Solar e, consequentemente, ao nosso planeta.
Explosão estelar próxima pode causar efeitos destrutivos
Para que uma supernova seja perigosa para a Terra, ela precisaria ocorrer a uma distância de 25 a 30 anos-luz. Nesse intervalo, os efeitos destrutivos incluem radiação de alta energia e partículas subatômicas aceleradas, que podem desintegrar moléculas de nitrogênio e oxigênio da atmosfera.
Esses elementos, ao se recombinarem, formam óxidos de nitrogênio, que comprometem a camada de ozônio. Sem essa proteção, a radiação ultravioleta do Sol atingiria diretamente a superfície do planeta, causando danos significativos à vida. Microrganismos fotossintéticos, como as algas, que são a base de muitas cadeias alimentares, seriam gravemente afetados, levando a um colapso ecológico e possíveis extinções em massa.
Outro efeito perigoso de uma supernova são os raios cósmicos, partículas carregadas que se deslocam quase à velocidade da luz. Essas partículas não só intensificam os danos à atmosfera, como também podem afetar diretamente organismos vivos, aumentando a exposição à radiação.
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Existem estrelas perto da Terra que estejam prestes a explodir?
Felizmente, no momento, não há estrelas próximas o suficiente para oferecer esse tipo de risco. Espiga (Spica), na constelação de Virgem, está a 250 anos-luz, e outra candidata, a anã branca IK Pegasi, está a 150 anos-luz – ambas a distâncias consideradas seguras.
No entanto, em escalas de tempo mais longas, a situação se torna mais incerta. O Sistema Solar está atualmente cruzando o braço espiral de Órion, uma região da Via Láctea onde a formação de estrelas é mais intensa. Esse tipo de ambiente aumenta as chances de explosões estelares, e o cruzamento completo levará cerca de 10 milhões de anos.
Embora o risco seja pequeno em termos de uma vida humana, a escala cósmica sugere que eventos catastróficos, como supernovas próximas, podem ocorrer algumas vezes a cada bilhão de anos.
Estudos sugerem que uma supernova pode ter causado a extinção em massa do Devônico Superior, há 360 milhões de anos, eliminando cerca de 75% das espécies vivas. Esse evento teria ocorrido devido à destruição parcial da camada de ozônio, consequência direta da radiação emitida pela explosão estelar. Isso mostra como esses fenômenos podem alterar profundamente o equilíbrio da vida na Terra.
Além das supernovas típicas, algumas variantes apresentam riscos específicos. Quando envoltas por poeira, as supernovas podem emitir raios-X em grandes quantidades, capazes de atravessar até 150 anos-luz e causar danos a atmosferas planetárias. Séculos após a explosão inicial, raios cósmicos oriundos do mesmo evento podem intensificar os efeitos, resultando em um golpe duplo devastador.
Explosões de raios gama, outro fenômeno associado à morte de estrelas, também são extremamente perigosas. Elas concentram sua energia em feixes estreitos, capazes de atravessar 10 mil anos-luz e causar danos significativos se direcionadas à Terra. Embora sejam raras, sua imprevisibilidade as torna mais preocupantes.
Supernovas: uma demonstração das forças do Universo
Apesar dos riscos teóricos, o futuro imediato do nosso planeta parece seguro. Não há estrelas próximas em estágios avançados de evolução que representem perigo, e fenômenos como explosões de raios gama são raros e difíceis de prever. Na prática, supernovas são, para nós, eventos fascinantes e inofensivos, oferecendo apenas uma visão impressionante do poder do cosmos.
Embora as escalas de tempo e espaço tornem esses riscos distantes para a humanidade atual, as supernovas servem como lembretes das forças imensas que governam o Universo. Acompanhar esses fenômenos e estudá-los ajuda a compreender melhor a dinâmica estelar e a preparar respostas para eventuais cenários catastróficos, mesmo que eles estejam a milhões de anos no futuro.