Golfinhos estão respirando microplásticos, mostra estudo

Golfinhos estão respirando microplásticos, mostra estudo
Publicado em 19/10/2024 às 5:47

Partículas muito pequenas de plástico estão por toda parte – no ar, na água e em nossos próprios corpos. Nem os animais escapam dessa contaminação. Uma nova pesquisa encontrou microplásticos no ar exalado por golfinhos-nariz-de-garrafa em duas regiões dos Estados Unidos: a Baía de Sarasota, na Flórida, e a Baía de Barataria, na Louisiana.

A composição química do material liberado pela respiração dos animais foi semelhante à encontrada em pulmões humanos. Ainda não se sabe o nível de microplásticos presente no organismo dos golfinhos, nem os danos que podem estar sendo gerados.

O estudo, conduzido pela College of Charleston, foi publicado na revista PLOS One.

Microplásticos no ar dos golfinhos

  • Cientistas coletaram amostras do ar exalado por golfinhos-nariz-de-garrafa selvagens utilizando uma placa de Petri ou um espirômetro, dispositivo que mede a função pulmonar.
  • O objeto foi segurado acima do respiradouro do golfinho enquanto o animal exalava o ar.
  • Posteriormente, a amostra foi analisada em laboratório, onde pequenas partículas de plástico foram identificadas.
  • O material coletado apresentou uma composição química semelhante à que foi encontrada anteriormente em pulmões humanos.
  • A pesquisa identificou a presença de microplásticos tanto em golfinhos que vivem em áreas urbanas quanto em áreas rurais.
  • Mais estudos são necessários para compreender o nível de contaminação e a extensão dos danos nos animais marinhos.
  • A espécie de golfinho está no topo da cadeia alimentar, o que pode ajudar a entender os possíveis impactos dos poluentes no ecossistema marinho.
A amostra é coletada durante uma avaliação de saúde de golfinhos selvagens na Baía de Barataria, na Louisiana. (Todd Speakman/National Marine Mammal Foundation).

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Como o microplástico pode afetar a saúde dos golfinhos?

O impacto dos microplásticos nos pulmões humanos já é conhecido pela ciência. As pequenas partículas podem causar danos aos tecidos, excesso de muco, pneumonia, bronquite, cicatrizes e, possivelmente, câncer. Além disso, sua composição química pode afetar o funcionamento do sistema reprodutivo, do coração e do cérebro.

Assim como os humanos, os golfinhos são mamíferos. Isso significa que temos muito em comum em relação à anatomia e ao funcionamento dos organismos, o que sugere que eles podem sofrer danos semelhantes aos nossos. No entanto, ainda não sabemos quais danos nem em que nível.

Por causa dessa semelhança e do fato de estarem no topo da cadeia alimentar marinha, entender como as partículas de plástico estão afetando os golfinhos pode ajudar a compreender os riscos de saúde para as pessoas que vivem perto das costas. A maneira como o microplástico os atinge é um indicativo de como a população próxima da região também pode ser impactada.

Uma microfibra de plástico encontrada na respiração exalada de um golfinho-nariz-de-garrafa – Imagem: Miranda Dziobak/College of Charleston.

O que podemos fazer para ajudar os golfinhos (e a nós mesmo)

Estima-se que existam trilhões de partículas de plástico no oceano. O material chega às águas pelo escoamento, águas residuais ou sedimentação do ar e pode ser liberado novamente no ambiente pelo movimento das ondas. A energia gerada pelas ondas provoca o estouro de bolhas de água, que liberam até 100.000 toneladas métricas de microplásticos na atmosfera.

Cientistas afirmam em um artigo publicado no The Conversation que a descoberta mostra o quão extensa é a poluição por plástico, e como outros seres vivos, incluindo os golfinhos, estão expostos a esse risco. No entanto, é possível agir para amenizar a situação.

As pessoas podem ajudar a resolver o problema da poluição por microplásticos reduzindo o uso de plástico e trabalhando para evitar que mais plástico polua os oceanos.

Trecho de artigo publicado no The Conversation