Google Maps flagra “porta” na Antártica; saiba o que é
Uma suposta “porta” avistada na Antártica Oriental pelo Google Maps, a sudeste da base de pesquisa japonesa Showa Station, vinha gerando uma série de teorias curiosas entre usuários das redes sociais e fóruns online desde março.
Alguns chegaram a especular que seria a casa de férias do Pé Grande ou até uma nave espacial abandonada.
A descoberta foi feita por um usuário do Reddit (plataforma digital classificada como “agregador social de notícias”), que localizou a estrutura nas coordenadas 69°00’50″S 39°36’22″E e levantou a questão: “uma porta gigante na Antártica?”.
“Porta” na Antártica agita a internet
Diversos comentários surgiram na internet. Um deles sugeriu que poderia se tratar de “uma porta de avião Boeing explodida”, em referência a um incidente aéreo recente. Outros relacionaram a um suposto achado de artefatos extraterrestres por um fuzileiro naval dos EUA em 2003.
De acordo com reportagem do Tilt, apenas um dos fóruns de conspirações no Reddit, com 2,1 milhões de membros, já recebeu 166 comentários e mais de 400 interações com teorias variadas. Foram identificados outros seis fóruns, além de diversos vídeos no TikTok e publicações sobre o assunto no X (antigo Twitter).
No entanto, especialistas logo descartaram as teorias polêmicas. John Smellie, professor e vulcanólogo da Universidade de Leicester, ironizou as especulações ao ser entrevistado pelo jornal Daily Mail. “O que faríamos sem os teóricos da conspiração?”.
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Iceberg encalhado está se desprendendo
Análises das coordenadas e de imagens históricas da área ofereceram uma explicação científica para o que foi observado. Bethan Davies, professora de glaciologia da Universidade de Newcastle, examinou a região no Google Earth Pro e afirmou que a “porta” está situada em uma área de gelo marinho rápido, próxima a ilhas e águas rasas. Segundo ela, trata-se de um iceberg que ficou encalhado e agora está derretendo lentamente.
Para Martin Siegert, codiretor do Instituto Grantham de Mudanças Climáticas e Meio Ambiente do Imperial College London, Davies está correta. Ele explicou que o fenômeno é resultado do fluxo de gelo ao redor de um obstáculo subglacial sólido, além de ser influenciado pelo derretimento, recongelamento e ventos catabáticos. “Embora interessante, esse padrão não é incomum ou surpreendente do ponto de vista glaciológico”.
Smellie acrescentou que a estrutura parece ser causada pela erosão de um pequeno afloramento rochoso, exposto devido à redução do gelo. As “caudas de neve” observadas nas laterais da formação indicam a direção predominante do vento naquela região.
