Grupo de produtores se une para agregar valor à produção agrícola em Mato Grosso
Há quatro um grupo de 24 produtores rurais de Mato Grosso se juntou para criar uma indústria de etanol de milho. Além do biocombustível e seus coprodutos, como o DDGs, a instalação da agroindústria mexeu com a economia da região. Hoje, a empresa se prepara para triplicar de tamanho.
Situada às margens da BR-364, entre os municípios de Diamantino e Nova Marilândia, na Chapada do Parecis, uma das mais importantes regiões produtoras de grãos do país, está a ALD Bioenergia Deciolândia.
A indústria opera desde janeiro de 2021 e anualmente processa 350 mil toneladas de milho, para produção de 150 milhões de litros de etanol e 103 mil toneladas de DDGs, resíduo sólido rico em proteínas, utilizado na alimentação animal. Além disso, durante o processo, são geradas 5,4 mil toneladas de óleo de milho.
Estes números, por sinal, irão crescer em breve, uma vez que a indústria se prepara para expandir e triplicar a produção, como conta o seu CEO, Marco Orozimbo, ao programa MT Sustentável.
“Nós entendemos que, vencidos os primeiros quatro anos de operação, nós chegamos no ponto de maturidade, que era importante e fundamental para ganharmos escala. Por isso, decidimos pela ampliação da planta. Um projeto que está em curso e que vai resultar numa nova capacidade de produção a partir de meados de 2026. Então, vamos ter mais volume, mais competitividade para estar inseridos tanto no crescimento do mercado brasileiro quanto para participar das exportações”.
Indústria surge de sonho em comum de produtores
O surgimento da ALD Bioenergia Deciolândia partiu de um sonho em comum de 24 produtores rurais da região, a maioria vizinhos, de transformar o que produziam em suas terras. Em outras palavras, agregar valor aos seus produtos.
Paulo Sérgio de Assunção é um dos 24 sócios. Ele participou das discussões desde o início. O foco era definir um projeto que tivesse sinergia com o trabalho que já era desenvolvido por eles.
Ele conta ao programa do Canal Rural Mato Grosso que foram várias ideias postas em mesa, como granjas de frango, granjas de suínos.
“Qualquer coisa que fizesse a gente romper essa barreira só do setor primário e passasse para a agroindústria. Aí em 2016 foi quando começou a chegar o projeto da ALD. A gente enxugou o projeto, juntou todo mundo, chamou mais sócios e todo mundo foi aportando dinheiro ali”, relembra Paulo.
Ainda de acordo com Paulo, saber trabalhar todos juntos fez a grande diferença no empreendimento.
“Aquilo que talvez jamais poderia ter sozinho, junto com os nossos companheiros, a gente conseguiu romper e fazer acontecer”.
Indústria ajuda no desenvolvimento da região
Para gerir a empresa, os sócios foram buscar profissionais no mercado. Hoje, os fundadores participam das decisões via conselho de administração. O presidente é o José Afonso Gonçalves, produtor rural que há 40 anos chegou em Mato Grosso.
Para ele, o sucesso da indústria que ajudou a criar tem um papel importante no desenvolvimento regional.
“Uma usina de etanol não é só o emprego direto que ela gera, mas sim o entorno. Você precisa de toda uma biomassa, tem transportadores de milho, de biomassa, tem aquele que corta essa biomassa, que tritura. Então, você vai gerando uma cadeia que é importantíssima. E esse dinheiro, essa renda que é gerada, principalmente no nosso negócio, fica toda aqui. Então isso fomenta toda a nossa região, o entorno com todo o movimento que existe de sustentabilidade, movimento ambientalmente correto. O que mundo procura hoje com os acordos entre os países”, frisa José Afonso.
Para José Afonso, a produção de etanol no Brasil ainda tem um caminho “enorme” a ser percorrido.
“É um negócio que não volta mais para trás. Essa substituição de combustíveis fósseis por combustíveis renováveis é uma tendência do mundo de hoje. Ela pode ser um pouco mais rápida ou mais devagar. Mas, vai acontecer”.
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