Netflix usou tecnologia para criar realismo de Fórmula 1

Netflix usou tecnologia para criar realismo de Fórmula 1
Publicado em 05/12/2024 às 19:27

A aguardada série Senna, que estreou globalmente na Netflix na última sexta-feira (29), retrata a vida de Ayrton Senna, ícone do automobilismo mundial. Com seis episódios de 45 minutos, a produção se destaca pelo uso de tecnologia de ponta, efeitos visuais inéditos e uma trilha sonora cuidadosamente composta para capturar a essência das pistas de corrida e os dramas pessoais do tricampeão mundial de Fórmula 1.

Sob a direção de Vicente Amorim, a série alia tecnologia avançada a um rigor narrativo, resultando em uma experiência imersiva que promete encantar tanto os fãs de automobilismo quanto o público geral.

Tecnologia de LED traz realismo sem precedentes

Uma das inovações mais marcantes de Senna foi o uso pioneiro da tecnologia LED para as filmagens de Fórmula 1 no Brasil. Combinando segurança e controle artístico, a técnica permitiu capturar close-ups dos atores em estúdio, enquanto os dublês realizavam as cenas de corrida em autódromos reais.

O diretor de fotografia Azul Serra explicou a complexidade do processo. “É praticamente impossível colocar os atores dirigindo um carro real de Fórmula 1. Não é seguro, não é rápido o suficiente.” Para superar esse desafio, os closes nos atores foram gravados em um ambiente controlado, utilizando simuladores (motion base) que recriaram os movimentos e a atmosfera das corridas.

Matt Mella como Alain Prost em Senna. (Imagem: Alan Roskyn/Netflix ©2024)

Os painéis de LED projetaram imagens reais captadas nas pistas originais, complementadas por efeitos visuais que recriaram os autódromos como eram décadas atrás. “A gente teve que trazer todos os carros da Argentina para o Brasil, colocá-los dentro do estúdio e trabalhar com essas imagens junto com o carro mexendo, com as rodas girando no motion base (um simulador de corrida), com a atmosfera passando, com atuação de corrida, que foi um treinamento grande que eles tiveram”, detalhou Serra.

Vicente Amorim, diretor-geral da série, destacou a inovação. “Não é a primeira vez que se usa LED no Brasil, mas é certamente a primeira em uma história de Fórmula 1.” Ele adicionou que “o resultado foi extraordinário.” Amorim também ressaltou o nível de realismo alcançado: “Acho que estamos filmando essas corridas de uma maneira que nunca foi feita no Brasil, com uso de muita tecnologia.”

Efeitos visuais de Senna podem ser um marco para o audiovisual brasileiro

Os efeitos visuais de Senna foram outro ponto alto da produção, sob supervisão de Marcelo Siqueira e colaboração da renomada Scanline VFX. Empresas brasileiras também participaram do projeto, criando um legado tecnológico para o mercado nacional.

Um dos exemplos mais marcantes foi a recriação do GP de Mônaco de 1984, famoso por sua chuva intensa. Filmadas sob sol forte no Uruguai, as cenas exigiram uma solução criativa: a construção de uma cobertura preta de mais de 300 metros, a maior já usada em um set na América Latina. Essa estrutura permitiu simular as condições climáticas da corrida, enquanto os efeitos visuais complementaram o cenário.

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Gabriel Leone como Ayrton Senna em Senna. (Imagem: Aline Arruda/Netflix ©2024)

No estúdio, a equipe recriou a iluminação solar para acompanhar as curvas dos carros. Serra explicou que foi preciso recriar uma luz de sol no estúdio para que, conforme o carro fizesse a curva, a luz mudasse de lado, semelhante à realidade.

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Trilha sonora oferece um componente dramático e emocional

A trilha sonora de Senna, composta por Lucas Marcier, foi projetada para destacar tanto os momentos de tensão nas pistas quanto os aspectos íntimos da vida do piloto. A equipe contou com cerca de 12 profissionais entre músicos e produtores para criar temas originais que acompanham as vitórias, conflitos políticos e os relacionamentos pessoais de Ayrton Senna.

Marcier comentou sobre o desafio de compor a sequência do GP de Mônaco de 1984. “São praticamente dez minutos de música ininterrupta”, destacou ele. “A corrida já é uma ópera em si”. Além disso, foram criados três temas principais: um para as tramas políticas, outro para os relacionamentos amorosos e um tema principal usado em sequências de vitória.

A riqueza sonora foi complementada pelo trabalho de Gabriel Gutiérrez, designer de som da empresa espanhola Menos Doce DB, que trouxe uma abordagem internacional para o projeto, garantindo uma experiência imersiva e à altura das cenas visuais.