O mar Mediterrâneo já foi um deserto — e pode secar novamente

O mar Mediterrâneo já foi um deserto — e pode secar novamente
Publicado em 24/10/2024 às 17:27

Sabia que o mar Mediterrâneo já foi uma espécia de “deserto salgado” por cerca de 500 mil anos? Sinais dessa mudança ainda podem ser vistos até hoje — e há uma chance de que o mesmo aconteça novamente no futuro.

O evento ficou conhecido como crise de salinidade messiniana.

Como o mar Mediterrâneo secou?

  • Segundo a teoria, uma perturbação nos níveis do mar impediu o Oceano Atlântico de continuar fluindo até o Mar Mediterrâneo;
  • O período de dessecação (processo de extrema secagem) aconteceu entre 5,97 a 5,33 milhões de anos;
  • Muitos cientistas acreditam que esse evento cataclísmico ocorreu devido à descoberta de uma camada de sal de 1,5 km de espessura que cobre o fundo do mar do Mediterrâneo;
  • A camada foi identificada pela primeira vez no início da década de 1970.
Arte mostra como era a geografia mediterrânea durante a crise de salinidade messiniana. (Imagem:Paubahi via Wikimedia Commons)

Uma das principais causas da seca no Mediterrâneo pode ter sido o movimento das placas tectônicas. As placas africana e eurasiana colidiram lentamente uma com a outra por milhares de anos. Eventualmente, o processo fechou o Estreito de Gibraltar, o corpo de água que conecta o Oceano Atlântico ao mar Mediterrâneo.

O Mediterrâneo era muito vulnerável a mudanças. Por estar em um bolsão relativamente quente e seco do planeta, a água do mar evapora muito rápido. Sem um novo influxo de águas do Atlântico, o mar fechado secou em alguns milhares de anos, deixando para trás uma bacia coberta de sal que conectava partes do Norte da África com o sul da Europa.

Na teoria, teria sido possível vagar do atual Marrocos para a Espanha ou da Líbia para a Itália. Simultaneamente, a crise causou a dizimação da biodiversidade marinha no Mediterrâneo, matando quase 90% das espécies endêmicas.

Bacia foi reabastecida por uma das maiores inundações já vistas na Terra

Após um longo período de separação, a atividade tectônica fez eventualmente com que o Estreito de Gibraltar reabrisse, permitindo que uma gigantesca inundação de água do Atlântico corresse de volta para o Mediterrâneo. A chamada mega inundação Zancleana é considerada uma das inundações mais extremas já registradas no planeta Terra.

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Mesmo hoje, o Mar Mediterrâneo continua mais salgado que o resto do Oceano Atlântico, em parte devido às mesmas condições geográficas e climáticas que contribuíram para a crise de salinidade messiniana. Embora não esteja mais isolado do Atlântico, o Mediterrâneo ainda tem troca limitada de água pelo Estreito de Gibraltar e sofre muita evaporação.

É possível que um evento semelhante aconteça novamente no futuro. As placas tectônicas da Terra estão em constante estado de movimento e a região do Mediterrâneo é especialmente complexa. Segundo o Live Science, o avanço da placa africana em direção à placa eurasiana, pode eventualmente varrer o Mar Mediterrâneo do mapa mais uma vez.