Pecuaristas cobram bom senso nas punições dos incêndios acidentais
O vento forte em conjunto com a estiagem severa, muita matéria orgânica concentrada e altas labaredas de fogo vêm dando combustível a um incêndio de grandes proporções no município de Cáceres (MT). Lideranças locais cobram do órgão responsável pela fiscalização ambiental sensibilidade e bom senso nos casos considerados acidentais.
Além do prejuízo econômico, o setor produtivo da região preocupa-se com eventuais punições. Produtores relatam que já perderam muitos animais na região, que detém a maior concentração bovina do estado.
O médico veterinário Fernando Vieira da Silva, explica ao Patrulheiro Agro desta semana, do Canal Rural Mato Grosso que o cenário é crítico. Muitos animais da região apresentam queimaduras de duas a quatro patas queimadas e em alguns casos, a única saída é sacrificar o animal.
Para o produtor rural da região, Gilson Ramos da Silva, conta que ao longo dos dias, vai achando pelo pasto gados que não sobreviveram.
“Estamos fazendo o possível para tentar recuperar, toda a renda que a gente tem aqui é pecuária, não tem outra renda. E a gente chega nessa situação que não sabe o que fazer, como que vamos conseguir recursos para pagar as contas, financiamento para pagar também…Situação bem difícil”, pontua.
Punição ambiental preocupa produtores e setor produtivo
A punição ambiental é outra preocupação dentro das propriedades prejudicadas pelos incêndios. Lideranças do setor e parlamentares cobram sensibilidade e bom senso dos órgãos responsáveis.
O presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Oswaldo Ribeiro Júnior e o vice-presidente do Sistema Famato, Amarildo Merotti, explicam que o produtor jamais vai querer colocar incêndio na sua propriedade
“A gente não gosta de injustiça, trabalha com todo rigor da lei, defende a obediência do Código Florestal e pedimos aos órgãos de governo que não punam os produtores, pelo menos ajudem”, frisa o presidente da Acrimat.
A Secretária de Meio Ambiente de Mato Grosso (Sema-MT), afirma que se o causador do incêndio não é o produtor, ele é uma vítima de algo que começou fora da sua propriedade.
“Hoje a Sema não faz autuação de incêndio, todo incêndio que é criminoso ele precisa de um laudo que é elaborado por um especialista do corpo de bombeiros e é o próprio corpo de bombeiros que após realizar esse laudo ele faz essa autuação”, finaliza o secretário adjunto da Sema-MT, Alex Marega.
Queimadas atingem assentamentos rurais
Essa tragédia já consumiu áreas protegidas e propriedades rurais dos assentamentos Laranjeiras e Ipê Roxo. Juntos, somam uma área de 12.223 hectares com, aproximadamente, 164 lotes.
Os produtores da região têm contabilizado perdas significativas nos seus rebanhos. Além do gado atingido pelas queimadas, as cercas acabam sendo destruídas pelo fogo.
Sebastião Rodrigues Paixão afirma que das 80 cabeças de gado que possui, já perdeu cerca de 50. Ele diz que o fogo atinge alturas enormes e que por isso, é impossível ver o gado. “Não dá para segurar o gado nessa hora, fica tudo doido. Foram arrebentando cerca e saindo, não teve jeito. Agora não tem renda de nada, dá tristeza na gente, muita tristeza é o sentimento”
Cáceres apresenta, atualmente, mais de 1.400 focos de queimadas em toda a região. O prefeito do município, Odenilson Silva, afirma que o Corpo de Bombeiros e os Brigadistas estão fazendo o seu trabalho.
“No meu entender quem tem que apagar fogos nacionais como esse são as Forças Armadas que tem homens e equipamentos para isso. Sabemos que quando tem muito fogo nessas regiões tem difíceis acessos por terra porque são regiões alagadiças ou muito montanhosas e quando tem muita fumaça também não tem como sobrevoar essas áreas”, afirma.
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