Pioneira no MT, Icofort Agroindustrial inaugura fábrica de processamento e refino de óleo de algodão em Nova Mutum | FTN Brasil
PAULA VALÉRIA
DA REDAÇÃO
Na manhã de sexta-feira (29), a Icofort Agroindustrial inaugurou sua nova planta de processamento e refino de óleo bruto de algodão em Nova Mutum, Mato Grosso. O projeto, que recebeu um investimento de R$ 270 milhões, é considerado um marco histórico para o setor agroindustrial, não apenas em Mato Grosso, mas em todo o Brasil. A inauguração posiciona o país como o segundo maior produtor mundial de óleo de algodão e reforça a liderança do estado como um dos principais polos agroindustriais do Brasil. A Icofort, que já possui operações no Nordeste do país, ampliou suas atividades para o Centro-Oeste, aproveitando o potencial agrícola da região.
A Icofort Agroindustrial é uma empresa brasileira que tem suas origens na Ciane – Companhia Industrial Algodoeira do Nordeste S/A, fundada em 1965 na cidade de Icó, no Ceará. Inicialmente, a companhia se dedicava ao beneficiamento do algodão em rama e à extração de óleo de algodão. Essa atividade marcou o início de sua trajetória no setor agroindustrial.
Ao longo do tempo, a empresa passou por transformações, evoluindo para o que hoje é a Icofort, sob a liderança de Décio Barreiro Junior, representante da segunda geração de gestores da família. Com sede em Fortaleza (CE), a empresa consolidou sua presença no mercado, expandindo suas operações para o estado da Bahia, onde mantém unidades estratégicas nas cidades de Juazeiro e Luiz Eduardo Magalhães.
Foto: Janaina Inês/FTN Brasil
Décio Barreto Junior, presidente da Icofort, destacou durante evento de inauguração, a importância de Mato Grosso para os negócios da empresa, ressaltando a proximidade com a matéria-prima, uma vez que o estado é o maior produtor de algodão do Brasil. Ele expressou entusiasmo e gratidão pela forma como a Icofort foi recebida em Nova Mutum, local onde a empresa está instalada, no corredor da BR-163, no coração de Mato Grosso.
“A gente quer liderar este mercado no Brasil e não tem como não estar em Mato Grosso, que é o maior produtor de algodão do país. Estamos muito orgulhosos de ter esse empreendimento em Nova Mutum, no corredor da BR-163, no coração de Mato Grosso. A palavra hoje é gratidão, por como fomos abraçados por essa cidade”, afirmou Décio Barreto Junior.
O CEO da Icofort Agroindustrial explicou que o planejamento para a construção da fábrica em Nova Mutum, Mato Grosso, começou em março de 2021, impulsionado pelo aumento significativo da oferta de algodão no Brasil nos últimos cinco anos. Ele destacou que, para acompanhar o crescimento e garantir a qualidade do produto, era essencial estar próximo da matéria-prima, e por isso, a escolha de Mato Grosso foi estratégica.
“A oferta de algodão no Brasil cresceu bastante nos últimos cinco anos. Na nossa visão, era preciso estar onde a matéria-prima está. Para que a gente possa crescer e distribuir nosso produto com qualidade, tínhamos que estar com um pé em Mato Grosso”, disse o executivo.
A decisão de construir a unidade em Nova Mutum também foi influenciada pela estratégia de distribuição da empresa. Décio mencionou o projeto da Rumo, que está desenvolvendo uma malha ferroviária ligando Rondonópolis a Nova Mutum, com previsão de conclusão em até quatro anos. Com essa infraestrutura, a Icofort espera ter um modal eficiente para escoar seus produtos, o que trará vantagens logísticas e operacionais para a empresa.
“A Rumo está com projeto para construção de uma malha ferroviária que vai passar por Rondonópolis até Nova Mutum, com previsão para ser inaugurada em até quatro anos. Estamos confiantes de que será possível escoar nossos produtos por esse modal”, afirmou Décio Barreto Junior.
Reforço ao polo agroindustrial de Mato Grosso
Mato Grosso, já consolidado como líder nacional na produção de algodão, soja e milho, reforça sua posição como um dos maiores polos agroindustriais do Brasil com a inauguração da nova planta da Icofort Agroindustrial em Nova Mutum. Este empreendimento de grande porte irá agregar valor à produção primária da região, promovendo a industrialização de insumos que antes eram exportados sem beneficiamento, fortalecendo assim a economia local e estadual.
Durante o evento, o Secretário de Desenvolvimento de Mato Grosso, César Miranda, representando o governador Mauro Mendes, enfatizou o trabalho sério e eficiente realizado pelo Governo de Mato Grosso para atrair novos investimentos. Ele destacou a colaboração entre a Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt) o governo estadual, além dos esforços para melhorar os incentivos fiscais e garantir segurança jurídica e transparência para os investidores.
“Mais um grande projeto que está se realizando, um trabalho da Fiemt com o Governo, trabalhamos para melhorar o incentivo fiscal e mostramos que Mato Grosso tem segurança jurídica e transparência para os investimentos. Ganha Nova Mutum, ganha o estado de Mato Grosso e ganha a população com geração de emprego e oportunidades”, afirmou César Miranda.
O prefeito Leandro Félix destacou a chegada da Icofort como um marco importante para o fortalecimento da economia local em Nova Mutum, e que o empreendimento vai consolidar Nova Mutum como um ponto estratégico no corredor logístico do estado, ampliando o potencial de crescimento da região e atraindo novos investimentos e oportunidades de negócios.
“Parabenizo a empresa por esta ousada obra que foi bem planejada e irá contribuir para a comunidade através de iniciativas de responsabilidade social e ambiental. Este empreendimento não apenas solidifica a posição de Nova Mutum como um ponto chave no corredor logístico do estado, mas também destaca o potencial de crescimento da região, atraindo novos investimentos e oportunidades de negócios”, declarou o prefeito de Nova Mutum.
O presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), Silvio Rangel, a superintendente da federação, Fernanda Campos, e o diretor do Senai MT, Carlos Braguini, participaram da cerimônia de inauguração, reforçando o apoio institucional à iniciativa.
Sustentabilidade
A Icofort Agroindustrial é reconhecida por sua ênfase em inovação tecnológica e pelo compromisso com a sustentabilidade. A nova unidade é projetada para operar com processos otimizados que minimizam impactos ambientais e maximizam o uso de subprodutos, contribuindo para o modelo de economia circular. Entre os principais aproveitamentos estão:
– Farelo de algodão: destinado à nutrição animal;
– Óleo vegetal: utilizado na fabricação de alimentos, cosméticos e biocombustíveis.
A nova unidade ocupa uma área total de 259.084 m² e possui uma capacidade anual impressionante de produção de 216.000 toneladas de caroço de algodão processadas anualmente e 08.000 toneladas de óleo bruto de algodão refinado. Essa capacidade não apenas fortalece a cadeia produtiva regional, mas também consolida o Brasil como uma referência mundial no mercado de óleo de algodão.
O projeto da nova fábrica é ambicioso, abrangendo um portfólio de produtos que atende a diferentes mercados e aplicações. Entre os destaques estão:
Reprodução
1- Óleos: a produção inclui o óleo de algodão, conhecido por sua composição rica em vitamina E e ômega-3, além de sua estabilidade térmica e oxidativa, tornando-o ideal para a indústria alimentícia, Food Service e biodiesel. Seu uso é amplamente difundido devido às propriedades nutricionais, além de um ponto de queima mais elevado, que proporciona maior segurança e eficiência em processos de cocção.
2- Margarinas: produtos livres de gorduras hidrogenadas, alinhados às demandas por opções mais saudáveis no mercado de alimentos.
3- Rações: alimentos balanceados para nutrição animal, atendendo ao segmento agroindustrial. O farelo de algodão é uma importante fonte de proteína para a nutrição de bovinos, ovinos e caprinos, sendo amplamente utilizado para equilibrar dietas em sistemas de produção animal. Ele é um subproduto obtido durante o processamento da semente de algodão, após a extração do óleo, e se destaca pelo alto teor de proteína bruta, além de ser uma opção econômica e sustentável.
4- Celulose e Gorduras: no setor energético, o óleo de algodão é uma das principais matérias-primas para o biodiesel, competindo com a soja em volume e eficiência. Desde 2008, com a obrigatoriedade de adição de biodiesel ao óleo diesel no Brasil, o algodão tem sido fundamental para atender à demanda crescente de combustíveis renováveis, contribuindo para a redução das emissões de gases de efeito estufa e para a diminuição da dependência de combustíveis fósseis.
5- Línter: outra área de atuação relevante é a produção de línter, uma fibra curta e fina retirada da semente do algodão, que possui uma ampla gama de aplicações industriais, como: fabricação de telas LCD e LED; fabricação de papel moeda e até propulsores de foguetes.
O executivo da Icofort Agroindustrial, destacou as vantagens do óleo de algodão, afirmando que ele tem um rendimento quatro vezes superior ao óleo de soja, além de não penetrar nos alimentos durante o processo de fritura, o que o torna uma opção valorizada por empresas do setor de “food service”. Ele também ressaltou que, embora a empresa tenha planos de ampliar sua presença no mercado de consumo final, isso é um trabalho gradual, um processo de “formiguinha”.
“O óleo de algodão tem rendimento quatro vezes maior que o de soja, não penetra no alimento e tem sido bastante demandado por empresas de ‘food service’. Queremos ampliar a presença do óleo também para o consumidor final, mas isso ainda é um trabalho de formiguinha”. declarou ele.
No médio prazo, a Icofort pretende expandir o uso do óleo de algodão, incluindo sua aplicação na produção de biodiesel, alinhando-se às tendências de sustentabilidade e aproveitamento de fontes renováveis para esse tipo de combustível.
