Polícia Civil identifica que braço direito de tesoureiro de facção criminosa abriu empresa de fachada para lavar dinheiro do tráfico | FTN Brasil
PAULA VALÉRIA
DA REDAÇÃO
A Polícia Civil de Mato Grosso, por intermédio da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) realizou investigações que levaram à identificação de uma empresa de fachada, aberta por A.N.M.S., braço direito do tesoureiro de uma facção criminosa, conhecido por WT. A empresa foi utilizada exclusivamente para a lavagem de dinheiro proveniente do tráfico de drogas em Cuiabá. Ambos criminosos foram alvos da Operação Fair Play, deflagrada pela GCCO na última quinta-feira, 27 de novembro, com o intuito de desarticular a estrutura financeira e criminosa ligada ao tráfico na região.
A empresa A.N.M. Dos Santos, que se apresentava como um centro automotivo e foi aberta em 2017 com um capital declarado de R$ 800 mil, tornou-se alvo de investigação após sinais de alerta nas suas transações financeiras. As investigações apontaram movimentações suspeitas, como depósitos fracionados e pagamentos em espécie no valor de centenas de reais, realizados por clientes que normalmente utilizam cheques e cartões de crédito.
Essas transações indicam possíveis atividades de lavagem de dinheiro, uma vez que não condizem com o padrão esperado para uma empresa desse tipo. Tais práticas levantaram suspeitas sobre a real finalidade da empresa, que estaria sendo utilizada para esconder recursos ilícitos provenientes do tráfico de drogas.
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De acordo com o delegado Rafael Scatolon, responsável pelas investigações, o uso do dinheiro em papel sugere uma possível tentativa de evitar rastreamento do dinheiro, que tem origem no tráfico ilícito de drogas.
“As investigações sugerem que a forma, o valor e a frequência das transações buscavam esconder a origem e o destino dos recursos, assim como os responsáveis ou destinatários finais. Além disso, foi identificada uma incompatibilidade entre os valores movimentados e o faturamento das empresas, indicando inconsistências econômicas”, afirma.
As diligências da GCCO também revelaram que algumas das pessoas envolvidas nas transações financeiras com a empresa A.N.M. Dos Santos já eram conhecidas da Polícia Civil. Esses indivíduos foram alvos da Operação Apito Final, deflagrada em abril deste ano, que visava desmantelar um esquema de lavagem de dinheiro e ocultação de bens, envolvendo Paulo Witer Faria Paelo e outros 24 investigados. A conexão entre os transações da empresa e os suspeitos já investigados fortalece as evidências de que a A.N.M. Dos Santos era uma fachada para atividades ilícitas relacionadas ao tráfico de drogas e a lavagem de dinheiro.
Operação Fair Play
A Operação Fair Play, deflagrada em 27 de novembro, é um desdobramento da Operação Apito Final, que investigou um esquema de lavagem de dinheiro e ocultação de bens operado por integrantes de uma organização criminosa em Cuiabá. Ambas as operações têm como alvo principal o tesoureiro da facção criminosa ‘WT’, que já se encontra preso desde a operação de abril deste ano.
Durante a operação foi identificado que a empresa de A.N.M.S foi responsável por parte do pagamento para a compra de um apartamento de luxo em Itapema, no litoral de Santa Catarina. O imóvel, avaliado hoje em R$ 1 milhão, foi adquirido por R$ 750 mil, transferidos em mais de 280 depósitos bancários.
Segundo as investigações, a pessoa jurídica de A.N.M.S depositou R$ 50 mil, via pix, para um dos proprietários do imóvel, e transferiu outros R$ 34,3 mil, em valores fracionados.
Na Operação Fair Play, foram cumpridos 19 mandados judiciais, incluindo 11 de prisão e 8 de busca e apreensão. Além disso, a operação resultou em medidas como a suspensão de atividades econômicas de empresas envolvidas, o sequestro de veículos e o bloqueio de bens dos investigados.