Primeira mulher formada em IA no Brasil quer conscientizar sobre tecnologia
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Com o avanço e a popularização da inteligência artificial (IA), especialmente após o surgimento do ChatGPT, cresce a demanda por profissionais qualificados que possam orientar o uso da tecnologia de forma consciente.
Heloisy Pereira Rodrigues, de 24 anos, faz parte desse movimento ao se tornar a primeira mulher a se formar no curso de Inteligência Artificial no Brasil, pela Universidade Federal de Goiás (UFG), e busca promover maior entendimento sobre as implicações e o potencial da IA na sociedade.
Mudança de rumo e interesse por tecnologia
Antes de optar pela inteligência artificial, Heloisy ingressou em odontologia, mas não se identificou com a área. A virada em sua vida acadêmica ocorreu durante a formatura de sua irmã, quando ela conheceu o recém-criado curso de Inteligência Artificial da UFG, o primeiro do Brasil, e decidiu tentar. Entre os fatores que a motivaram a seguir esse caminho, Heloisy destacou o mercado de trabalho promissor e sua afinidade com exatas, além de um interesse por tecnologia que ela já nutria desde jovem.
“Fiquei sabendo da criação do curso de IA na colação de grau da minha irmã. Pesquisei sobre o mercado de trabalho e me agradou muito, vi que a área correspondia com a que sempre tive facilidade, exatas, e resolvi me aventurar”, afirmou Heloisy ao g1 em uma entrevista em março.
Ela também relembra que, na juventude, seu contato com a tecnologia era limitado ao uso comum dos computadores da época, como passar horas jogando Habbo, o que a tranquilizou ao comparar sua experiência com a de amigas que não tinham essa mesma familiaridade.
Desempenho acadêmico e destaque
Logo no primeiro semestre do curso de IA, Heloisy se destacou com notas altas e foi convidada a participar de projetos de pesquisa. Ainda durante a graduação, ela começou a trabalhar em projetos remunerados, o que lhe permitiu perceber as oportunidades que o mercado de IA oferecia, já que empresas contratavam estudantes logo no início do curso.
Ao g1, Heloisy destacou que o curso de IA, carinhosamente chamado de “BIA” pelos bacharéis, é focado em resolução de problemas, mentalidade empreendedora e contato direto com o mercado de trabalho por meio de projetos de pesquisa e desenvolvimento. Esse contato com as empresas facilitou o conhecimento prático antes mesmo da formatura, além de proporcionar bolsas remuneradas em projetos desenvolvidos na UFG.
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Inspiração para outras mulheres
Apesar de outras mulheres terem ingressado na mesma turma, Heloisy foi a única a concluir a graduação. De um total de 40 alunos, apenas 15 se formaram, refletindo o cenário de baixa representação feminina em áreas de exatas. Ela admite que o ambiente predominantemente masculino era um desafio, mas destaca que o apoio da família foi fundamental para sua jornada.
Durante sua colação de grau, em 2024, Heloisy percebeu o impacto que sua trajetória teve sobre outras mulheres. “Algumas calouras vieram até mim e disseram: ‘Nossa, Heloisy, você é minha inspiração’. Foi algo que eu nem imaginava e fiquei tão grata de ouvir”, contou em entrevista à Folha de S. Paulo. Essa troca fez com que ela refletisse sobre os obstáculos enfrentados por mulheres na área de tecnologia e como sua presença pode servir de incentivo.
Ela acredita que o espaço para as mulheres na tecnologia está crescendo, ainda que falte incentivo para meninas jovens explorarem essa área. “As meninas não são incentivadas a jogar no computador, ainda não possuem muitas referências de mulheres que mexem com isso. O espaço está lá, só é necessário querermos acessá-lo. Somos capazes de chegar longe”, afirmou ao g1.
Carreira e empreendedorismo
- Após se formar no final de 2023, Heloisy fundou uma startup focada em inteligência artificial aplicada ao teleatendimento.
- A proposta da empresa é utilizar a IA para automatizar tarefas repetitivas, permitindo que as pessoas possam se concentrar em atividades mais complexas e criativas.
- “Queremos que os humanos voltem a desenvolver tarefas de humanos, não tarefas repetitivas e maçantes, que podem ser feitas por máquinas”, explicou à Folha.
- Ela também compartilhou ao g1 sua visão de que a IA pode ajudar a sociedade em diversas áreas, como saúde, agro, varejo e call centers.
- Para ela, a IA traz a oportunidade de tornar as atividades humanas mais ricas, ajudando as pessoas a se dedicarem a funções mais subjetivas e menos mecânicas.
- “A IA vem para nos ajudar a sermos mais humanos”, concluiu.