Subproduto do etanol é fonte proteica para ração animal
A levedura, retirada do processo de fabricação do etanol e que até pouco tempo era aproveitada apenas para fertirrigação, agora é fonte de proteína. Uma agregação a mais de valor na produção do biocombustível.
A UISA, a maior usina de cana de açúcar de Mato Grosso, está localizada em Nova Olímpia, região centro-sul de Mato Grosso. Por lá, cerca de seis milhões de toneladas de cana foram colhidas nesta safra e até pouco tempo atrás, de acordo com o gerente de sustentabilidade da empresa, Caetano Henrique Grossi, o foco era apenas a produção de açúcar e etanol.
Ele explica à reportagem do MT Sustentável, desta semana, que o termo utilizado hoje não é mais usina e sim biorrefinaria, diante da produção de bioprodutos.
“A gente procura extrair ao máximo da cana de açúcar aquilo que traz retorno, tanto para a empresa como para a questão ambiental, questão de sustentabilidade. Então, visando a economia circular, a circularidade, você vê hoje que a cana não se limita apenas a produzir etanol, açúcar e energia. Nós temos biofertilizantes, temos a questão do carbono que a gente quantifica e comercializa e temos agora, mais recentemente, a levedura”.
Na fabricação do etanol são utilizadas leveduras para o processo de fermentação. Como são microorganismos que se multiplicam muito rapidamente, é preciso retirar o excesso, que é levado para uma outra fábrica, onde são transformados em cinco novos produtos.
Levedura também vira adubo
É o segundo ano de funcionamento da nova fábrica, que tem tecnologia de ponta. Por sinal, por enquanto, é a única da América Latina com operação contínua, como destaca o supervisor de produção de levedura da UISA, Nerico Tecedor, ao Canal Rural Mato Grosso.
Ele explica que a levedura é levada da refinaria por tubulações em forma de creme. Ela passa por filtros, centrífugas e secadores até virar um pó, um tipo de farelo fino.
Nerico salienta que é este material, rico em proteína, que é usado na nutrição de animais.
“Por processos e algumas reações, nós conseguimos cinco produtos diferentes. Três com uma base de nutrição animal, propriamente dito. E, nós desenvolvemos também um imunizante que é a parede celular. Da fabricação da parede celular nós conseguimos também o extrato de levedura, que é um produto em teste que nós estamos trabalhando”.
Conforme Nerico, o extrato de levedura acaba sendo considerado um excelente adubo nanofoliar. “Então, já entra numa linha de fertilizantes, que tem um uso amplo no campo, também na linha agro”.
A produção dos derivados de levedura acompanha o ciclo de colheita da cana-de-açúcar que vai de abril até meados de dezembro. Nesta safra, segundo a empresa, foram processadas cinco mil toneladas de levedura. Antes esse material ia para a fertirrigação, junto com a vinhaça.
“Nós acabamos agregando valor a um produto que tinha um descarte utilizável, porém sem muito valor agregado. Então, a gente pega esse bioproduto, o fermento e acaba agregando valor a ele gerando toda essa cadeia de processos”, frisa Nerico.
A UISA, comenta Caetano Henrique, possui uma meta de buscar neutralidade de emissões até 2035. “É um compromisso que temos junto ao governo do estado, o Programa Carbono Neutro. De 2022 para 2023 já conseguimos reduzir 48% das emissões apenas na questão do manejo. Readequando-o, o que era resíduo transformando em produto, gerando receita e gerando a sustentabilidade do nosso processo”.
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