Vacina da USP contra a Covid-19 apresenta resultado promissor em ratos | FTN Brasil
BRUNO BUCIS
DO METRÓPOLES
Médicos da Universidade de São Paulo (USP) anunciaram resultados encorajadores de uma nova vacina criada por eles contra a Covid-19. Ao ser testado em camundongos, o imunizante demonstrou ser seguro e eficaz, gerando forte resposta imune e protegendo os roedores da infecção.
Os achados foram publicados em outubro na Scientific Reports, um dos braços da prestigiada revista Nature. Todo o grupo de animais que foi vacinado com o imunizante sobreviveu, enquanto 80% dos que não receberam a dose morreram sete dias após a infecção. O estudo ainda indicou que os animais imunizados mantiveram seu peso mais estável.
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Caso siga apresentando resultados promissores, a nova vacina traz vantagens importantes em relação aos imunizantes contra a Covid-19 disponíveis atualmente e pode servir como base para a formulação contra outros vírus, como o da zika.
A diferença da vacina da USP contra Covid
A principal diferença está na tecnologia usada. A vacina da USP emprega partículas semelhantes ao vírus, conhecidas como VLPs (virus-like particles), que não foram usadas nos imunizantes anteriores. Essa tecnologia não usa partes dos vírus que causam as doenças, apenas peças que se parecem com a estrutura deles para que o corpo aprenda a identificá-las e combatê-las com mais rapidez.
“Essa categoria de proteína viral possui características semelhantes às de um vírus, porém, sem o material genético. Isso faz com que, ao mesmo tempo em que as VLPs são reconhecidas pelo sistema imune, elas não apresentam o risco de se replicar nem causar a doença”, explicou Gustavo Cabral de Miranda, líder do projeto, em entrevista à Agência Fapesp.
Outro destaque é a flexibilidade da formulação. As VLPs podem ser facilmente atualizadas para enfrentar novas variantes do SARS-CoV-2, algo essencial em uma doença que apresentou constante evolução ao longo dos últimos cinco anos.
A vacina da USP possui VLPS que se ligam a antígenos, os mesmos que foram usados nas vacinas de mRNA, como a proteína Spike. Além disso, eles são produzidos por bactérias que criam minifábricas de transformação destes antígenos, o que permite maior flexibilidade do imunizante, sendo facilmente adaptável para lidar com novas variantes da doença.
Essa característica também o torna promissor para a produção de fórmulas contra outras doenças virais. O laboratório, inclusive, está trabalhando em VLPs para uma vacina contra o zika.
Além disso, a vacina desenvolvida na USP não requer adjuvantes — substâncias que potencializam a resposta imune. “Tanto nos testes in vitro quanto in vivo, montamos estratégias para tentar baratear a formulação, utilizando o mínimo possível de produtos que não fossem desenvolvidos no laboratório. Tanto que o imunizante não precisa de adjuvante”, afirmou Cabral.
O pesquisador detalha que a maioria das vacinas usa adjuvantes, como o hidróxido de alumínio, mas eles são fabricados por empresas especializadas. Sem precisar da substância, a vacina da USP poderia ser produzida em larga escala com mais facilidade. Ainda faltam, porém, numerosos testes, inclusive em humanos, antes de sua aprovação final.